domingo, 17 de julho de 2016

Adeus ao polivalente Ferrari

 Até pouco tempo Gilberto José Ferrari era administrador da Praça de Esportes Olímpio Dias Porto, no bairro Cidade Jardim em Campinas, interior de São Paulo. Era um chefe mandão e, às vezes, até malcriado com boleiros do futebol amador que fugiam das normas para uso do campo de futebol.
 Claro que a maioria dos usuários daquela praça não se deu conta que aquele senhor calvo e de rosto enrugado fez parte da Academia do Palmeiras nos anos 60, atuando como lateral-esquerdo numa defesa que tinha Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Waldemar Carabina e Ferrari.

 Pois esse Ferrari de uma história bonita no futebol morreu neste 15 de julho em Campinas, aos 79 anos de idade. Uma história que o palmeirense menos avisado custou a entender em 1963, quando o seu clube contratou um lateral destro para jogar como lateral-esquerdo, em substituição a Geraldo Scotto, que havia sofrido fratura na perna.

 Quando o Palmeiras havia sondado o interesse por Ferrari, já sabia nos mínimos detalhes a trajetória dele pelo Guarani. Verificou o lançamento na equipe principal justamente num dérbi campineiro em fevereiro de 1959, na vitória sobre a Porte Preta por 3 a 2, com gol dele logo aos dois minutos.

 Embora fumante de um maço por dia, Ferrari tinha fôlego, e era um ponta-direita rápido. Nem por isso foi fixado como titular, e alternou algumas improvisações na ponta-esquerda, sem que estranhasse mudança de lado.

 A característica de jogador combativo fez com que o treinador do Guarani de 1960, Armando Renganeschi, o adaptasse à lateral-direita, e ali foi titular absoluto até o final da temporada de 1962.

 Logo, a facilidade para que Ferrari se enquadrasse a quaisquer dos lados do campo levou os cartolas do Palmeiras a projetarem que se encaixaria bem no time na lateral-esquerda, e posteriormente levasse vantagem na disputa da posição com Geraldo Scotto e Vicente Arenari.

 No Palmeiras, apelidado de Bruxa, Ferrari colecionou os títulos paulistas de 1963 e 66, Rio-São Paulo de 1965, e dois anos depois comemorações no Torneio Roberto Gomes Pedrosa e Taça do Brasil. E sempre pautando pela firmeza na marcação e bom passe no apoio ao ataque.

 O vínculo dele com o Palmeiras foi rompido em 1969, totalizando 293 partidas. Ele e o atacante Servílio foram dispensados pelo então treinador Ernesto Filpo Nuñes, fato que provocou o retorno do atleta ao Guarani, e passagens posteriores por Comercial de Ribeirão Preto e Paulista de Jundiaí.

 Depois disso Ferrari se transformou em metalúrgico da empresa Roberto Bosch, em Campinas, e por fim o emprego público na Prefeitura de Campinas.

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