Quando você ouvir a ‘treinadorzada’ reclamar
da falta de atacante ‘matador’, quando comentaristas de futebol dissertarem
sobre incríveis gols perdidos, sugira que mostrem aos boleiros teipes com gols
do atacante Toninho Guerreiro, falecido no dia 26 de janeiro de 1990, aos 48
anos de idade, vítima de derrame cerebral.
Esse bauruense tinha invejável frieza para
enfrentar goleiros. O chute era invariavelmente fraco, porém fora do alcance.
“Prefiro fazer gols dentro da área. Fora dela, prefiro os bons passes”,
costumava explicar. E nada de comemorações exageradas. Sarcástico, preferia
debochar da desolação de zagueiros e goleiros adversários.
A especialidade para conclusão de jogadas o
projetou como quarto principal artilheiro na história do Santos, com 283 gols
em 373 partidas, durante os sete anos de Vila Belmiro. No Santos, foi superado
apenas por Pelé, Pepe e Coutinho, que marcaram 1.283, 405 e 370 gols
respectivamente. Em 1968 Toninho Guerreiro marcou 76 gols, média de 1,055 por
jogo.
O apelido guerreiro se justificava porque
brigava pela posse da bola. Aliava-se a isso a boa condição técnica, facilidade
para proteger a bola, e incrível visão de gol.
Após passagem relâmpago pelo Noroeste de Bauru
(SP), Toninho Guerreiro chegou ao Santos em 1963 como substituto de Coutinho, e
foi se habituando a conquista de títulos. Em 1965 quebrou a hegemonia de Pelé e
foi artilheiro do Paulistão com 24 gols. Também entrou para história do futebol
paulista como o único jogador a ostentar a condição de pentacampeão consecutivamente,
de 1967 a
71, sendo os primeiros três anos pelo Santos e dois pelo São Paulo.
O ciclo no Santos foi encerrado em 1969. Na
temporada seguinte jogou no São Paulo, comandado pelo estrategista Zezé
Moreira, que saiu da fila de títulos após 13 anos de jejum, nesse time: Sérgio;
Furlan, Jurandir, Dias e Gilberto Sorriso; Edson Cegonha e Gérson; Paulo,
Terto, Toninho Guerreiro e Paraná.
Quando os gols rarearam no Morumbi, transferiu-se
para o Flamengo, mas bastaram quatro jogos para ‘pular fora do barco’, com a
justificativa de que não havia se adaptado no Rio de Janeiro. Na época, teve
problemas familiares, começou a fumar e beber, e se transformou em atacante
comum no Operário (MS) e Noroeste, onde encerrou a carreira em 1975.
Fora da bola ficou um ‘balofo’, contrastando
com aquele magrelão dos tempos de Santos. E pode-se dizer que foi um dos jogadores
mais injustiçado na Seleção Brasileira, ao ficar de fora da Copa de 1970, no
México.
Motivo do corte? Uma brincadeirinha de mau
gosto. Alegaram que tinha sinusite. Foi uma arataca para agradar ao intruso
presidente da República Garrastazu Médici, que na época exigiu a convocação de
Dario. “Sinusite? Que raio de doença é essa que não conheço”, reagiu com
indignação Toninho Guerreiro.
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