Décadas passadas, boleiros e política eram
coisas que não combinavam. Alfabetização não atingia a totalidade da categoria,
e raros eram aqueles portadores de diplomas de cursos universitários. Nas
entrevistas, iniciavam a fala na base de ‘ouvintes meus cumprimentos’. Nas
derrotas, o encerramento invariavelmente não fugia do ‘vamos levantar a cabeça
e partir pra próxima’.
Depois o boleiro começou a se politizar,
ingressou em siglas partidárias, e após a carreira passou a disputar eleições
legislativas, principalmente. E neste perfil se enquadrou o então meia Deley,
que fez sucesso no Fluminense e hoje ocupa o cargo de secretário de Estado de
Esporte, Lazer e Juventude do Rio de Janeiro.
Engana-se quem supõe que ele caiu de
pára-quedas na função. Carrega na bagagem formação universitária em Administração Esportiva
e experiência na mesma atividade em 1997 na Prefeitura de Volta Redonda, cidade
em que nasceu em 1959.
Para assumir a pasta na secretaria estadual,
em dezembro passado, abriu mão da cadeira de deputado federal. Foi um suplente
que pelo PTB obteve 48.874 votos na eleição de 2014, e havia substituído Rodrigo
Bethiem (PMDB).
Igualmente foi suplente na Câmara na
legislatura de 2010 a
2014, quando apresentou emenda que instituiu a CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) destinada a investigar organização criminosa do tráfico de arma. Na
metade do último ano daquele mandato foi cassado pelo TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) por infidelidade partidária.
Se a vertente política deste Wanderley Alves
de Oliveira aflorou em 2002, na primeira eleição para deputado federal, pelo
PSDB, seu talento para jogar futebol foi notado na infância. Daí à base do
Fluminense foi coisa normal. Em 1980, já profissionalizado, assumiu a titularidade
daquele meio de campo e, quatro anos depois, sagrou-se campeão brasileiro na
vitória por 1 a
0 sobre o Vasco, num time por Paulo Victor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e
Branco; Jandir, Deley e Assis; Romerito, Washington e Tato.
Prevalecia o regime militar e a CBF loteava
participação de clubes no Campeonato Brasileiro. Foram 41 naquela competição. O
ingresso do Uberlândia na terceira fase fez parte da repescagem na segunda
divisão. Moto Clube (MA), Tuna Luso (PA), Treze (PB), Confiança (SE), Auto Esporte
(PI), Operário (MS), Anapolina (GO) e Brasília estavam na elite.
Depois do Fluminense, Deley atuou 23 jogos
pelo Palmeiras e teve passagens por Belenense de Portugal, Botafogo (RJ) e Volta
Redonda. Era o típico organizador que colocava companheiros na cara do gol,
tanto que nos sete anos de Flu marcou 17 gols em 281.
Em 1994 o Flu apostou nele como treinador e
repetiu a experiência quatro anos depois. Em 2013, ao aceitar o desafio de
disputar a presidência do clube pela oposição, foi derrotado por Peter Siemsen.