Nos gramados, quando era um volante viril e
até desleal ao aplicar carrinhos perigosíssimos, Dinho provocava revolta, e às
vezes confusão com adversários. Hoje, aos 49 anos de idade e praticamente sem
cabelos, trocou uniformes de equipes de futebol pelo terno e gravata, para o
desempenho das funções de vereador da Câmara Municipal de Porto Alegre. Se no
campo o palavreado da boleirada é bem vulgar, no parlamento ele recebe
tratamento diferenciado. É um tal de vossa excelência daqui, nobre vereador de
lá, e assim por diante.
Dinho decidiu enveredar para a política em
2012, quando concorreu à vereança da capital gaúcha pelo DEM (Partido
Democrático Republicano). E ‘bateu na trave’ com aqueles 3.613 votos, que lhe
asseguraram apenas a condição de suplente.
Obcecado pelo ingresso na função legislativa,
Dinho concorreu à vaga de deputado estadual em 2014 pelo PRB (Partido
Republicano Brasileiro), e sequer conseguiu duplicar a votação inicial com
aqueles 6.414 votos. Aí, contrariado com a falta de respaldo nas urnas,
criticou indevidamente o ex-colega de elenco gremista Jardel, que atingiu o
objetivo de conquistar cadeira na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul.
“Vem aqui um cara do Ceará e se elege sem saber nem o que fala”, desdenhou o
ex-volante.
Bronca antiga ou não de Dinho, o certo é que
ambos sagraram-se campeões da Libertadores de 1995 naquela equipe do Grêmio
comandada por Luiz Felipe Scolari, o Felipão, formada por Danrlei; Arce,
Rivarola, Adilson e Roger; Dinho, Goiano, Arilson e Carlos Miguel; Paulo Nunes
e Jardel.
A revolta pelo fracasso no pleito de 2014
passou logo. Dinho foi informado que a eleição de um vereador à Assembléia
Legislativa abria-lhe a cobiçava vaga na Câmara Municipal, e nem por isso deixou
de ser chamado pelo apelido. Formalidade para identificação através do nome Edi
Wilson José dos Santos apenas às assinaturas de documentos.
Natural de Neópolis - cidade sergipana em que
também nasceu o ex-zagueiro Narciso, do Santos - Dinho surgiu para o futebol no
Confiança de Aracaju em 1985. Sete anos depois já estava no São Paulo, com a
experiência da rápida passagem pelo La Coruña , da Espanha. No tricolor paulistano ele
saboreou o bicampeonato da Libertadores e Mundial de Clubes durante o biênio 1992-93.
Torcedores santistas e do Grêmio também
conferiram a truculência de Dinho com as camisas de suas respectivas equipes.
Por motivos óbvios Dinho se adaptou facilmente à garra gaúcha e foi rotulado de
‘cangaceiro dos pampas’. Depois, já sem o vigor físico de outrora, foi
dispensado do tricolor gaúcho e passou pelo América (MG) e Novo Hamburgo (RS).
Dinho cogitou a hipótese de ser treinador. A
chance surgiu no Luverdense (MT) em 2005-2006. O destino, todavia, havia lhe
reservado ingresso no parlamento.
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