domingo, 3 de janeiro de 2016

Volante Dinho, da bola para a política

 Nos gramados, quando era um volante viril e até desleal ao aplicar carrinhos perigosíssimos, Dinho provocava revolta, e às vezes confusão com adversários. Hoje, aos 49 anos de idade e praticamente sem cabelos, trocou uniformes de equipes de futebol pelo terno e gravata, para o desempenho das funções de vereador da Câmara Municipal de Porto Alegre. Se no campo o palavreado da boleirada é bem vulgar, no parlamento ele recebe tratamento diferenciado. É um tal de vossa excelência daqui, nobre vereador de lá, e assim por diante.
 Dinho decidiu enveredar para a política em 2012, quando concorreu à vereança da capital gaúcha pelo DEM (Partido Democrático Republicano). E ‘bateu na trave’ com aqueles 3.613 votos, que lhe asseguraram apenas a condição de suplente.
 Obcecado pelo ingresso na função legislativa, Dinho concorreu à vaga de deputado estadual em 2014 pelo PRB (Partido Republicano Brasileiro), e sequer conseguiu duplicar a votação inicial com aqueles 6.414 votos. Aí, contrariado com a falta de respaldo nas urnas, criticou indevidamente o ex-colega de elenco gremista Jardel, que atingiu o objetivo de conquistar cadeira na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. “Vem aqui um cara do Ceará e se elege sem saber nem o que fala”, desdenhou o ex-volante.
 Bronca antiga ou não de Dinho, o certo é que ambos sagraram-se campeões da Libertadores de 1995 naquela equipe do Grêmio comandada por Luiz Felipe Scolari, o Felipão, formada por Danrlei; Arce, Rivarola, Adilson e Roger; Dinho, Goiano, Arilson e Carlos Miguel; Paulo Nunes e Jardel.
 A revolta pelo fracasso no pleito de 2014 passou logo. Dinho foi informado que a eleição de um vereador à Assembléia Legislativa abria-lhe a cobiçava vaga na Câmara Municipal, e nem por isso deixou de ser chamado pelo apelido. Formalidade para identificação através do nome Edi Wilson José dos Santos apenas às assinaturas de documentos.
 Natural de Neópolis - cidade sergipana em que também nasceu o ex-zagueiro Narciso, do Santos - Dinho surgiu para o futebol no Confiança de Aracaju em 1985. Sete anos depois já estava no São Paulo, com a experiência da rápida passagem pelo La Coruña, da Espanha. No tricolor paulistano ele saboreou o bicampeonato da Libertadores e Mundial de Clubes durante o biênio 1992-93.
 Torcedores santistas e do Grêmio também conferiram a truculência de Dinho com as camisas de suas respectivas equipes. Por motivos óbvios Dinho se adaptou facilmente à garra gaúcha e foi rotulado de ‘cangaceiro dos pampas’. Depois, já sem o vigor físico de outrora, foi dispensado do tricolor gaúcho e passou pelo América (MG) e Novo Hamburgo (RS).

 Dinho cogitou a hipótese de ser treinador. A chance surgiu no Luverdense (MT) em 2005-2006. O destino, todavia, havia lhe reservado ingresso no parlamento.

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