segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Aldair, um senhor zagueiro

 Há boleiros que custam a acreditar que a carreira no futebol acabou. Sabem que as pernas já não respondem aos comandos do cérebro, mas insistem. Já o zagueiro Aldair preferiu que o torcedor brasileiro ficasse com a impressão de um consagrado tetracampeão mundial pela Seleção Brasileira nos Estados Unidos, em 1994, ao abandonar o futebol em plena forma.
 Esse baiano de Ilhéus, lançado no time do Flamengo em 1986, logo ganhou admiradores. Das qualidades exigidas para zagueiros, Aldair Nascimento dos Santos, 49 anos de idade, tinha velocidade, raramente era driblado, se adaptava a quaisquer dos lados da zaga, sobressaía-se no jogo aéreo e mostrava qualidade no passe.
 Não fossem essas virtudes jamais disputaria 13 temporadas como titular intocável da Roma, da Itália. Apesar disso, ainda teve que engolir seco a bobagem dita pelo presidente Franco Sensi, do clube italiano, em 2002, de que ele era velho para continuar no time.
 Na época, com 36 anos de idade e retrospecto superior a 300 partidas pela Roma, Aldair se irritou, mas fez questão de provar em campo que Sensi havia se precipitado. Até então, a sua biografia mostrava títulos e regularidade.
 Em 1987 Aldair foi campeão da Copa União pelo Flamengo. Dois anos depois saboreou a conquista da Copa América pela Seleção Brasileira, sediada pelo País. Já em 1990, além da transferência para o Benfica, de Portugal, também integrou o selecionado brasileiro na Copa da Itália. Depois, a Roma entrou em sua vida e quis o destino, em 1994, que fosse chamado pelo técnico Carlos Alberto Parreira à Seleção Brasileira por causa de uma contusão do zagueiro Mozer, antigo companheiro de Flamengo.
 De certo, a maioria já esqueceu que o time tetracampeão foi formado por Taffarel; Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Branco; Mauro Silva, Mazinho, Dunga e Zinho; Bebeto e Romário. O ex-goleiro Gilmar Grimaldi - hoje coordenador de futebol do selecionado - era reserva, a exemplo do lateral Cafu, meia Paulo Sérgio, atacante Viola e zagueiro Ronaldão, entre outros.
 Na época, o predestinado Aldair foi uma grata surpresa. Com a contusão de Ricardo Rocha, foi titular daquela Copa nos Estados Unidos ao lado de Márcio Santos, hoje radicado em Santa Catarina, onde administra seu shopping no balneário de Camburiú, adquirido com parte do dinheiro ganho nas passagens por Inter (RS), São Paulo, Fiorentina da Itália, Bordeaux da França, Ajax da Holanda, futebol do Catar e até no antigo Etti Jundiaí (hoje Paulista), onde também fez bom contrato.

 Aldair foi absoluto no selecionado até 1998, na Copa da França, quando participou de um grupo questionável como a do goleiro Carlos Germano, lateral-direito Zé Carlos, zagueiro Gonçalves e volante Doriva. Hoje, pode-se dizer que Aldair ‘está com o burro na sombra’, mas não quer se manter distante do futebol.

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