Nos tempos em que o médio-volante não era
apenas o cabeça-de-área, Dino Sani dava show nos gramados. Indicava aos
companheiros os atalhos para que o seu time chegasse com mais facilidade à
vitória.
Dino, 83 anos de idade, foi campeão mundial na
Copa do Mundo da Suécia em 1958, como reserva do saudoso Zito. Também teve
trajetória internacional no Milan, da Itália, e Boca Junior, da Argentina. E
encerrou a carreira no Corinthians formando dupla de meio de campo com
Rivelino, na década de 60.
O estilo vistoso de Dino Sani no trato à bola
começou a ser visto no final da década de 40, no extinto Comercial de São
Paulo. Atuava como meia-esquerda num quinteto ofensivo formado por Feijão,
Nardo, Gino, Dino e Esquerdinha.
Em 1952, Dino fez parte de um lendário time do
XV de Jaú (SP). Posteriormente se transferiu para o São Paulo e foi fixado como
volante. Era objetivo no passe e sabia tomar bola do adversário. Valia-se do
posicionamento, tempo certo da bola e capacidade de antecipação.
Com aquelas virtudes e uma visão geral de
campo, a passagem de jogador para treinador foi sintomática no final da década
de 60. E foram passagens marcantes no Inter (RS), Coritiba e Fluminense. Ele sabia
melhorar o condicionamento técnico do atleta, ensinando-lhe, na prática, como
deveria ser feito. Mesmo com idade avançada Dino ainda pegava bem na bola.
A cada final de treino, mostrava aos atacantes
como se devia pegar de primeira em bola cruzada das beiradas de campo. Batia de
sem-pulo e avisava ao goleiro o canto que iria chutar, sob olhares atônitos de
seus comandados, que viam a bola ‘morrer na gaveta’.
Quando passou pela Ponte Preta em 1982, Dino
comandou um time de medalhões como Dicá, Mário Sérgio Pontes de Paiva e Jorge
Mendonça (já falecido). Certa ocasião, o genioso Mário Sérgio (hoje comentarista
de futebol), para testar o treinador, fez questão de chutar a bola com bastante
efeito, para que ele dominasse. E o destemido Dino soube amortecê-la e ganhou
confiança do discípulo.
Dino é transparente e franco. Por isso teve a
petulância de sugerir ao então veterano Dicá que encerrasse a carreira.
Observava como poucos o comportamento do atleta fora de campo e sabia
corrigi-lo.
O que Dino já não tolerava era trabalhar com
jogadores de poucos recursos técnicos e difícil assimilação daquilo que era solicitado.
Por isso foi perdendo a paciência e decidiu se afastar dos gramados.
Dono de um prédio na capital paulista e renda
suficiente para manter o alto padrão de vida, ainda topou voltar ao futebol na
década de 90, até que em 1995 surpreendeu com a insólita decisão de se demitir
do comando técnico da Ponte Preta no intervalo de uma partida contra o
Novorizontino, quando o time campineiro perdia por 2 a 0. “Não dá para
trabalhar com tanto cabeça-de-bagre”, foi a justificativa. E cumpriu a promessa
de aposentadoria.
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