segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Dino, genial e genioso

 Nos tempos em que o médio-volante não era apenas o cabeça-de-área, Dino Sani dava show nos gramados. Indicava aos companheiros os atalhos para que o seu time chegasse com mais facilidade à vitória.
 Dino, 83 anos de idade, foi campeão mundial na Copa do Mundo da Suécia em 1958, como reserva do saudoso Zito. Também teve trajetória internacional no Milan, da Itália, e Boca Junior, da Argentina. E encerrou a carreira no Corinthians formando dupla de meio de campo com Rivelino, na década de 60.
 O estilo vistoso de Dino Sani no trato à bola começou a ser visto no final da década de 40, no extinto Comercial de São Paulo. Atuava como meia-esquerda num quinteto ofensivo formado por Feijão, Nardo, Gino, Dino e Esquerdinha.
 Em 1952, Dino fez parte de um lendário time do XV de Jaú (SP). Posteriormente se transferiu para o São Paulo e foi fixado como volante. Era objetivo no passe e sabia tomar bola do adversário. Valia-se do posicionamento, tempo certo da bola e capacidade de antecipação.
 Com aquelas virtudes e uma visão geral de campo, a passagem de jogador para treinador foi sintomática no final da década de 60. E foram passagens marcantes no Inter (RS), Coritiba e Fluminense. Ele sabia melhorar o condicionamento técnico do atleta, ensinando-lhe, na prática, como deveria ser feito. Mesmo com idade avançada Dino ainda pegava bem na bola.
 A cada final de treino, mostrava aos atacantes como se devia pegar de primeira em bola cruzada das beiradas de campo. Batia de sem-pulo e avisava ao goleiro o canto que iria chutar, sob olhares atônitos de seus comandados, que viam a bola ‘morrer na gaveta’.
 Quando passou pela Ponte Preta em 1982, Dino comandou um time de medalhões como Dicá, Mário Sérgio Pontes de Paiva e Jorge Mendonça (já falecido). Certa ocasião, o genioso Mário Sérgio (hoje comentarista de futebol), para testar o treinador, fez questão de chutar a bola com bastante efeito, para que ele dominasse. E o destemido Dino soube amortecê-la e ganhou confiança do discípulo.
 Dino é transparente e franco. Por isso teve a petulância de sugerir ao então veterano Dicá que encerrasse a carreira. Observava como poucos o comportamento do atleta fora de campo e sabia corrigi-lo.
 O que Dino já não tolerava era trabalhar com jogadores de poucos recursos técnicos e difícil assimilação daquilo que era solicitado. Por isso foi perdendo a paciência e decidiu se afastar dos gramados.

 Dono de um prédio na capital paulista e renda suficiente para manter o alto padrão de vida, ainda topou voltar ao futebol na década de 90, até que em 1995 surpreendeu com a insólita decisão de se demitir do comando técnico da Ponte Preta no intervalo de uma partida contra o Novorizontino, quando o time campineiro perdia por 2 a 0. “Não dá para trabalhar com tanto cabeça-de-bagre”, foi a justificativa. E cumpriu a promessa de aposentadoria.

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