Em 2002 o ex-meia Alex de Fenerbahçe da
Turquia, Palmeiras e Coritiba assumiu publicamente o uso de lentes de contato
para correção de astigmatismo e miopia. Idem para o também meia Kaká, da
Seleção Brasileira, diferentemente de boleiros de décadas passadas que viam
tudo embaçado à frente e se recusavam usar às tais lentes.
Bastava o saudoso goleiro Orlando Gato Preto,
da Portuguesa, ser traído por bolas defensáveis em jogos noturnos para ser
acusado de não enxergar direito. Suspeitaram de deficiência visual do também
goleiro Wendell após a segunda partida do Guarani na semifinal do Campeonato
Brasileiro de 1982 contra o Flamengo, em Campinas, ao ‘aceitar’ chute
relativamente fraco do ex-meia Zico, do meio da rua.
O goleiro Picasso foi vítima de mesma acusação
nos tempos de Grêmio portoalegrense no triênio de 1972 a 1975. A cada gol sofrido de
longa distância à noite reabria-se o polêmico discurso. A contrapartida era a
concordância de que em jogos diurnos o reflexo era apuradíssimo, aliado a
colocação sempre adequada.
Embora com histórico de sete derrotas, cinco
empates e uma vitória em Grenais, Picasso ficou 611 minutos sem sofrer um gol
sequer no tricolor gaúcho, num time formado por Picasso; Everaldo, Anchieta,
Beto e Jorge Tabajara; Carlos Alberto e Ivo; Catarina, Oberti, Lairton e Loivo.
O encerramento da carreira foi no Santa Cruz
(PE) em 1976. Ficou a biografia com o título do Campeonato Paulista pelo
Palmeiras em 1963, após goleada por 3
a 0 sobre o Noroeste, nesse time: Picasso; Djalma
Santos, Djalma Dias, Carabina e Vicente; Zequinha e Ademir da Guia; Julinho,
Servílio, Vavá e Gildo. Nos dois anos subseqüentes foi reserva de Valdir
Joaquim de Moraes.
Amargurado com a carreira de atleta sem prosperidade,
decidiu abandonar o futebol ao término do contrato com o Palmeiras, quando
optou pelo trabalho como metalúrgico na Volkswagem. Três meses depois foi
convencido voltar aos gramados pelo treinador do Juventus, Sylvio Pirilo.
Pronto. Reacendia ali o Picasso predestinado a fazer sucesso no futebol, tanto
que o São Paulo foi buscá-lo em 1967.
Quando Picasso já estava se acostumando com
convocações à Seleção Brasileira, eis que numa partida do tricolor paulistano
contra o Santos foi vítima de fratura no pé. Aí, a lesão voltou a travar-lhe a
carreira. Dirigentes do São Paulo foram buscar no Paulista de Jundiaí o goleiro
Sérgio Valentin - que já havia passado pelo clube - para substitui-lo. E quando
recuperado, Picasso constatou a impossibilidade de reassumir o posto de
titulares e aceitou transferência para o Bahia em 1970, ano que foi eleito o
melhor goleiro do Campeonato Brasileiro.
Hoje, aos 76 anos de idade, radicado em Porto Alegre , Picasso
trabalha como representante comercial e assina documentação com o nome de
registro: Ronei Paulo Travi.
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