segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Zagueiro Válber, o rei do sumiço

 Tiba, ponteiro-direito com passagens por Vasco, Guarani, Portuguesa e Corinthians nos anos 90, tinha o hábito de faltar em dias programados para reapresentação de jogadores. Desculpas de ônibus quebrado no caminho e morte de avós já não colavam.
Atacante Adriano, o imperador, escancarava seus atos de indisciplina e nem que quisesse mentir não podia. Era baladeiro incorrigível e por isso arrumou incontáveis confusões ao longo da carreira. Até no Inter de Milão provocou sumiço de três dias em 2009. Enquanto atleta profissional, o último registro de indisciplina foi falta a treino do Atlético Paranaense para assistir show da cantora Anita no Rio de Janeiro, em 2014.
 No mesmo ano, o atacante Jô participou da Copa do Mundo de 2014, mas a boa fase foi efêmera. Ficou com imagem de baladeiro que faltava em treinos no Atlético Mineiro.
 No quesito sumiço de treinos, difícil imaginar que o título de recordista não esteja com o ex-zagueiro Válber, bicampeão da Libertadores e Mundial de Clubes pelo São Paulo no biênio 1992-93. Como o repertório de desculpas havia se esgotado, o saudoso treinador Telê Santana só o tolerava porque considerava-o utilíssimo ao time são-paulino. Se preciso, Válber não estranhava improvisações nas laterais. Não havia queda de rendimento se escalado como volante. Todavia, era na zaga que se sobressaía. Compensava a estatura de 1,76m de altura, inadequada à posição, pela invejável impulsão. Também tinha excelente colocação para o jogo aéreo. No chão era fantástico. Raramente o driblavam. E ao desarmar o adversário, geralmente antecipando-o, limpava a jogada e se aventurar com bola dominada ao campo de ataque.
 Aquelas virtudes foram comprovadas no bicampeonato do mundial, na vitória por 3 a 2 sobre o Milan, no Japão, num time formado por Zetti; Cafu, Válber, Ronaldão e André Luiz; Doriva, Dinho, Cerezo e Leonardo; Palhinha e Muller.
 Evidente que jogador com citadas virtudes teria lugar certo na Seleção Brasileira, e Válber cumpriu o histórico de 12 partidas no selecionado. O desligamento foi originado pela rebeldia em 1993, após fugir da concentração.
 Antes de se destacar no São Paulo, a biografia de Válber mostrava passagens recomendáveis por Vasco e Botafogo. Assim, quando a imagem ficou desgastada no elenco são-paulino, o Flamengo ignorou os problemas extra-campo e bancou a contratação por empréstimo. Na prática, não houve a repetição do futebol de São Paulo e por isso foi devolvido.

 Sem espaço para reintegração no São Paulo, a transferência para o Vasco fez-lhe bem. Em 1997, improvisado na lateral-direita, conquistou o título do Campeonato Brasileiro, num time formado por Carlos Germano; Válber, Odvan, Mauro Galvão e Felipe; Luisinho, Nasa, Juninho Pernambucano e Ramon; Edmundo e Evair. Válber ainda passou pelo Fluminense.

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