segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Dois anos sem o volante Ruço do Corinthians

 Há 15 anos relato biografias daqueles que construíram a história do futebol brasileiro. De certo vai passar batido por aí, mas a coluna resgata um pouco do rendimento do volante Ruço do Corinthians, que morreu no dia primeiro de setembro de 2012, portanto há dois anos.
 A coluna pauta pelas homenagens em vida, porém, por algumas razões, nem sempre isso é possível. Às vezes faltam informações para produção do texto, e por isso o personagem em questão continua na fila até que, a exemplo de Ruço, entra obrigatoriamente na pauta semanal quando de seu falecimento.
 Quanto tempo não se ouvia falar no volante Ruço? Ele foi mais um dos atletas do passado que saíram do ostracismo quando morreram. Vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral), ele morreu no Rio de Janeiro aos 63 anos de idade.
 Nos tempos em que Ruço jogou no Corinthians, de 1975 a 1978, o então presidente Vicente Matheus - já falecido - exigia que até os ‘cobras’ assinassem contratos em branco, na base da confiança. Depois avaliava quanto deveria pagar para o atleta e preenchia o valor no vínculo contratual.
 Logo, aquilo que Ruço ganhou jogando no Timão, Remo (PA), Botafogo (RJ), Cruzeiro, Juventus e Rio Branco (ES) não lhe permitiu que ficasse endinheirado. Teve que se virar em outro ramo de atividade, e uma das opções encontradas foi montar um bar no Rio de Janeiro.
 Vejam que diferença para o atual momento de boleiros de grandes clubes brasileiro! Volante como Ruço, que marca e sabe trabalhar a bola, não ganha menos que R$ 30 mil por mês até em clubes de médio porte.
 Diferente de atletas badalados, Ruço quase não era requisitado pela mídia para entrevistas. Quando isso ocorria em emissoras de rádio, ele usava o tradicional bordão da época para iniciar a fala: “Ouvintes, meus cumprimentos”.
 Falar e esbravejar se resumia aos companheiros em campo, quando exigia posicionamento adequado. Embora jogador de marcação, de vez em quando ele aparecia no ataque e justificava o atrevimento com alguns golzinhos, o principal deles contra o Fluminense no dia 5 de dezembro de 1976, ocasião em que 70 mil corintianos invadiram o Estádio do Maracanã.
 Foi um gol de voleio, tipo meia bicicleta, naquele empate heróico por 1 a 1, fato que estendeu a definição do finalista do Campeonato Brasileiro daquela temporada às cobranças de pênaltis. Aí a vantagem corintiana foi de 4 a 1.
 Corintiano nostálgico de certo ainda guarda o pôster da equipe campeã paulista de 1977, da final contra a Ponte Preta, quando terminou o jejum de títulos de quase 23 anos. Naquele time estavam cabeludos estilo black power como Romeu Cambalhota, Luciano Coalhada, Geraldão e Ruço.

 Ruço e russo (natural da Rússia) são palavras homônimas homófonas, ou seja, pronúncia idêntica com grafias diferentes. Coisas desta complexa língua portuguesa.

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