Há 15 anos relato biografias daqueles que
construíram a história do futebol brasileiro. De certo vai passar batido por
aí, mas a coluna resgata um pouco do rendimento do volante Ruço do Corinthians,
que morreu no dia primeiro de setembro de 2012, portanto há dois anos.
A coluna pauta pelas homenagens em vida, porém,
por algumas razões, nem sempre isso é possível. Às vezes faltam informações
para produção do texto, e por isso o personagem em questão continua na fila até
que, a exemplo de Ruço, entra obrigatoriamente na pauta semanal quando de seu
falecimento.
Quanto tempo não se ouvia falar no volante
Ruço? Ele foi mais um dos atletas do passado que saíram do ostracismo quando
morreram. Vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral), ele morreu no Rio de
Janeiro aos 63 anos de idade.
Nos tempos em que Ruço jogou no
Corinthians, de 1975 a
1978, o então presidente Vicente Matheus - já falecido - exigia que até os
‘cobras’ assinassem contratos em branco, na base da confiança. Depois avaliava
quanto deveria pagar para o atleta e preenchia o valor no vínculo contratual.
Logo, aquilo que Ruço ganhou jogando no Timão,
Remo (PA), Botafogo (RJ), Cruzeiro, Juventus e Rio Branco (ES) não lhe permitiu
que ficasse endinheirado. Teve que se virar em outro ramo de atividade, e uma
das opções encontradas foi montar um bar no Rio de Janeiro.
Vejam que diferença para o atual momento de
boleiros de grandes clubes brasileiro! Volante como Ruço, que marca e sabe
trabalhar a bola, não ganha menos que R$ 30 mil por mês até em clubes de médio
porte.
Diferente de atletas badalados, Ruço quase não
era requisitado pela mídia para entrevistas. Quando isso ocorria em emissoras
de rádio, ele usava o tradicional bordão da época para iniciar a fala: “Ouvintes,
meus cumprimentos”.
Falar e esbravejar se resumia aos companheiros
em campo, quando exigia posicionamento adequado. Embora jogador de marcação, de
vez em quando ele aparecia no ataque e justificava o atrevimento com alguns
golzinhos, o principal deles contra o Fluminense no dia 5 de dezembro de 1976, ocasião
em que 70 mil corintianos invadiram o Estádio do Maracanã.
Foi um gol de voleio, tipo meia bicicleta,
naquele empate heróico por 1 a
1, fato que estendeu a definição do finalista do Campeonato Brasileiro daquela
temporada às cobranças de pênaltis. Aí a vantagem corintiana foi de 4 a 1.
Corintiano nostálgico de certo ainda guarda o
pôster da equipe campeã paulista de 1977, da final contra a Ponte Preta, quando
terminou o jejum de títulos de quase 23 anos. Naquele time estavam cabeludos
estilo black power como Romeu Cambalhota, Luciano Coalhada, Geraldão e Ruço.
Ruço e russo (natural da Rússia) são palavras
homônimas homófonas, ou seja, pronúncia idêntica com grafias diferentes. Coisas
desta complexa língua portuguesa.
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