segunda-feira, 7 de julho de 2014

Oberdan só morreu aos 95 anos de idade

Desconfiem das pessoas que mecanicamente divulgam profundo pesar pela morte de outra de 95 anos de idade. Pois foram constatadas várias manifestações deste tipo por ocasião da morte do lendário goleiro Oberdan Catani, do Palmeiras, no dia 20 de junho passado.
 Conforme antigo bordão, ninguém fica para semente. O caminho natural de uma pessoa quase secular é a morte e não seria diferente com Oberdan, que estava internado no Hospital do Servidor Público da cidade de São Paulo. Restou, todavia, uma história de um palestrino que em 1942 viu o então presidente da República do Brasil, Getúlio Vargas, exigir que o antigo Palestra trocasse de nome para Palmeiras, porque nosso país e Itália estiveram em lados opostos por ocasião da Segunda Guerra Mundial.
 Oberdan Catani foi absoluto na meta do Palmeiras de 1941 a 1954, período em que o distintivo do Palmeiras era caracterizado por um P (maiúsculo). Elasticidade e boa colocação eram tidas como as principais virtudes dele, que a conduziram à Seleção Brasileira. Assim, participou do Sul-Americano de países de 1945 ao lado de renomados jogadores como os meias Zizinho e Jair da Rosa Pinto, o zagueiro Domingos da Guia e o centroavante Ademir de Menezes, o Queixada. E o Brasil foi vice-campeão daquela competição, atrás da Argentina.
 Oberdan foi reverência no Palmeiras, embora antigos conselheiros tenham torcido o nariz pelo fato dele ter encerrado a carreira no Juventus. Assim, o então goleiro procurava se defender justificando que foi obrigado a procurar outro clube porque o consideraram velho entre os palmeirenses.
 Ele abriu a história de quatro inesquecíveis goleiros do Palmeiras. Em 1958 chegou ao clube o gaúcho Valdir Joaquim de Moraes, igualmente com virtudes de boa colocação e elasticidade. Não fosse isso jamais sobreviria no futebol com apenas 1,70m de altura, estatura jamais permitida para a posição na atualidade. Valdir, que jogou no Palmeiras até 1969, participou da era ‘Academia do Futebol’ entre 1964 e 1966, numa defesa formada por Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Ferrari. E quando encerrou a carreira de jogador criou a função de preparador de goleiros no próprio Palmeiras, nos anos 70.
 A história de bons goleiros do Palmeiras teve sequência com a chegada de Emerson Leão no final dos anos 60. A regularidade o levou à Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970 e foi titular absoluto nas Copas de 1974 e 1978.
 Depois dele, o Palmeiras contou com Marcos Roberto Silveira Reis, o ovacionado Marcos, que saiu da Lençoense para brilhar no Parque Antártica a partir de 1992.
 Marcos tem uma história singular ligada ao Palmeiras. Em 2003 recebeu proposta milionária do Arsenal da Inglaterra, mas preferiu continuar no clube e para defendê-lo na disputa da Série B do Campeonato Brasileiro.

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