Desconfiem das pessoas que mecanicamente
divulgam profundo pesar pela morte de outra de 95 anos de idade. Pois foram
constatadas várias manifestações deste tipo por ocasião da morte do lendário
goleiro Oberdan Catani, do Palmeiras, no dia 20 de junho passado.
Conforme antigo bordão, ninguém fica para
semente. O caminho natural de uma pessoa quase secular é a morte e não seria
diferente com Oberdan, que estava internado no Hospital do Servidor Público da
cidade de São Paulo. Restou, todavia, uma história de um palestrino que em 1942
viu o então presidente da República do Brasil, Getúlio Vargas, exigir que o
antigo Palestra trocasse de nome para Palmeiras, porque nosso país e Itália
estiveram em lados opostos por ocasião da Segunda Guerra Mundial.
Oberdan Catani foi absoluto na meta do
Palmeiras de 1941 a
1954, período em que o distintivo do Palmeiras era caracterizado por um P
(maiúsculo). Elasticidade e boa colocação eram tidas como as principais
virtudes dele, que a conduziram à Seleção Brasileira. Assim, participou do
Sul-Americano de países de 1945 ao lado de renomados jogadores como os meias
Zizinho e Jair da Rosa Pinto, o zagueiro Domingos da Guia e o centroavante
Ademir de Menezes, o Queixada. E o Brasil foi vice-campeão daquela competição,
atrás da Argentina.
Oberdan foi reverência no Palmeiras, embora
antigos conselheiros tenham torcido o nariz pelo fato dele ter encerrado a
carreira no Juventus. Assim, o então goleiro procurava se defender justificando
que foi obrigado a procurar outro clube porque o consideraram velho entre os
palmeirenses.
Ele abriu a história de quatro inesquecíveis
goleiros do Palmeiras. Em 1958 chegou ao clube o gaúcho Valdir Joaquim de
Moraes, igualmente com virtudes de boa colocação e elasticidade. Não fosse isso
jamais sobreviria no futebol com apenas 1,70m de altura, estatura jamais
permitida para a posição na atualidade. Valdir, que jogou no Palmeiras até 1969,
participou da era ‘Academia do Futebol’ entre 1964 e 1966, numa defesa formada
por Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Ferrari. E quando encerrou
a carreira de jogador criou a função de preparador de goleiros no próprio
Palmeiras, nos anos 70.
A história de bons goleiros do Palmeiras teve
sequência com a chegada de Emerson Leão no final dos anos 60. A regularidade o levou à
Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970 e foi titular absoluto nas Copas de
1974 e 1978.
Depois dele, o Palmeiras contou com Marcos
Roberto Silveira Reis, o ovacionado Marcos, que saiu da Lençoense para brilhar
no Parque Antártica a partir de 1992.
Marcos tem uma história singular ligada ao
Palmeiras. Em 2003 recebeu proposta milionária do Arsenal da Inglaterra, mas
preferiu continuar no clube e para defendê-lo na disputa da Série B do
Campeonato Brasileiro.
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