segunda-feira, 21 de julho de 2014

Adeus ao polêmico árbitro Armando Marques

 Ex-árbitros de futebol de muita popularidade geralmente arrumam empregos de comentarista de arbitragem em rádio e televisão. Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques, morto no Rio de Janeiro no dia 17 de julho de insuficiência renal, aos 84 anos de idade, foi além. Ganhou um programa de variedades na extinta Rede Manchete de Televisão em 1993, num esquema de rodízio entre apresentadores: o Show da Manchete. Ele o apresentava às segundas-feiras, e nos outros dias Otávio Mesquita, Ivon Curi, Monique Evan e Rosana Hermman se alternavam no comando.
 Armando Marques foi um comunicador por excelência. Apesar da fragilidade física, a velocidade de raciocínio ainda pôde ser manifestada no dia 21 de abril passado, quando entrevistado pelo eclético Jô Soares na TV Globo, ocasião em que revelou nunca ter medo na vida. “Eu agradeço a Deus porque ele me privou do sentimento do medo”.
 O ex-árbitro integrou a equipe de comunicadores da TV Manchete no período em que ela havia investido maciçamente no jornalismo, teledramaturgia, esportes e entretenimento, e por isso incomodava a Rede Globo de Televisão. O jornal da emissora, apresentado pelo casal Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, tinha uma hora de duração. O programa Documento Especial era a marca do jornalismo investigativo. Atores consagrados como Maitê Proença e Gracindo Júnior alavancaram a audiência da novela ‘Dona Beija’, mas o pico no Ibope foi alcançado por Pantanal. Clodovil Hernandes, Xuxa e Angélica participaram da grade da programação.
 Como árbitro, tecnicamente Armando Marques foi tido como um dos melhores nas décadas 60 e 70, apesar de erros crassos na carreira. Santos e Portuguesa dividiram o título do Campeonato Paulista de 1973, porque na definição através de cobranças de pênaltis o time santista vencia por 2 a 0, o árbitro deu a partida por encerrada com a Lusa ainda tendo chances vencer, e assim restou à Federação Paulista de Futebol premiar os dois clubes.
 Na decisão do Paulistão de 1971 ele anulou gol de cabeça legítimo de Leivinha, do Palmeiras, contra o São Paulo, interpretando que o atacante tivesse usado a mão. O erro foi determinante para que o adversário ficasse com o título da competição.
 Num período em que atletas eram identificados predominantemente pelos apelidos, Armando Marques os chamavam pelo nome. Pelé, por exemplo, era senhor Edson, que ele ousou expulsar num jogo contra o São Paulo em 1963.
 Embora educado, Armando Marques repreendia os atletas energicamente para manter a disciplina. Tinha o hábito de adverti-los com dedo em riste no rosto, e por isso levou um soco do lateral-esquerdo Nilton Santos, já falecido.

 Por causa dos trejeitos nos gramados, o público nos estádios, predominantemente conservador, entoava o coro de ‘bicha’. Seja como for, o certo é que ele morreu solteiro.

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