Orlando Pereira ficou conhecido inicialmente no
futebol como Orlando Lelé, nos tempos de lateral-direito, e Orlando Amarelo
como treinador. Ele morreu no dia 4 de setembro de 1999, vítima de embolia
pulmonar, e pode-se dizer que foi duramente castigado nos últimos meses de
vida. Orlando ficou tetraplégico - perda dos movimentos do corpo do pescoço
para baixo - após bater a cabeça no chão quando estava no banho e sentiu
tontura.
Natural de Santos, ele iniciou a carreira no
futebol no Peixe. E, em 1972 jogou num time que tinha, entre outros, Pelé,
Clodoaldo, Oberdan e o goleiro argentino Cejas. Um ano depois atuou num timaço
montado pelo treinador Élba de Pádua Lima, o Tim (já falecido), no Coritiba. O
goleiro era Jairo. Oberdan se destacava na quarta-zaga. O meio-de-campo contava
com o capitão Hidalgo (hoje comentarista de futebol) e Negreiro (ex- Santos),
coadjuvados pelo aplicado ponteiro-esquerdo Aladim, que ajudava na marcação. O
ataque vivia dos gols da dupla Leocádio e Tião Abatiá, principalmente em jogos
disputados no Estádio Belfort Duarte, que posteriormente passou a ser chamado
de Couto Pereira.
Orlando era raçudo e ganhava a maioria dos
duelos com ponteiros. Como não era jogador técnico, simplificava no passe e treinava
exaustivamente os cruzamentos. Assim, quando se transferiu para o Vasco, o
goleador Roberto Dinamite aproveitou bastante as bolas ‘açucaradas’ vindas do
lado direito do campo para fazer muitos gols.
Foi no Vasco a melhor fase da carreira de
Orlando Lelé, resultando na convocação à Seleção Brasileira. Em 1975, num jogo
contra o Uruguai, ele participou de pancadaria e aplicou uma gravata no pescoço
de um adversário. Ele era explosivo e encrenqueiro, mas amigo leal dos
companheiros. Em 1977 o lateral também participou do ‘esquadrão’ vascaíno que
sofreu apenas uma derrota no Campeonato Carioca, em 25 jogos. A defesa
justificou o batismo de ‘barreira do inferno’ ao atingir 18 partidas sem sofrer
gol. Eis a equipe da época, treinada por Orlando Fantoni (já falecido):
Mazaroppi; Orlando Lelé, Abel, Geraldo e Marco Antonio; Zé Mário, Zanata e
Dirceu; Wilsinho, Roberto Dinamite e Ramon.
Orlando teve passagem sem brilho pela Udinese,
da Itália, e posteriormente despediu-se da carreira de atleta de forma discreta.
Voltou ao noticiário como treinador do Goiatuba em 1992, ocasião em que levou o
time ao título do Campeonato Goiano com uma rodada de antecedência, com
vitórias nas seis partidas disputadas na fase final.
Também foi reconhecido no Distrito Federal,
após bem sucedida passagem pelo Gama. Desta forma, tentava furar o forte
bloqueio do seleto grupo de treinadores de ponta, mas o acidente doméstico
alterou radicalmente a sua vida. Assim, deixou a história de quem foi persistente
e procurou diuturnamente se aprimorar.
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