segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Paulo Isidoro, um meio-campista competitivo

 Até meados da década de 90, meias e atacantes do futebol brasileiro arrumavam confusões com treinadores porque se recusavam terminantemente obedecer a orientações para marcação de adversários. Também torciam o nariz até quando as indicações se restringiam a voltarem apenas para cercar o adversário, a fim de não lhe proporcionar liberdade para jogar.

 Naquela época o meio-campista Paulo Isidoso já era diferente. Embora originariamente meia-direita driblador, condutor de bola, e com histórico de 98 gols em 398 partidas disputadas durante aproximadamente dez anos intercalados pelo Atlético Mineiro, jamais colocava a mão na cintura quando o ataque de seu time perdia a bola. O espírito de jogador competitivo e a condição física privilegiada implicavam em recuar para combater o adversário e ‘roubar’ a bola.

 Por causa desta característica, Paulo Isidoso se adaptou bem à função de volante no Guarani a partir de 1987, num meio de campo que contava ainda com Barbieri e Neto. Aquele time chegou à final do Campeonato Paulista de 1988 e perdeu para o Corinthians por 1 a 0, em Campinas. E foi naquela posição que ele encerrou a carreira aos 43 anos de idade, atuando em clubes do Norte e Nordeste. Antes disso jogou no Cruzeiro, XV de Jaú, Inter de Limeira (SP) e Valeriodoce (MG).

 Se no começo de carreira não lhe havia espaço nos bons times montado pelo Galo, a experiência no Nacional de Manaus (AM) foi suficiente para garantir titularidade no time mineiro a partir de 1974, com ênfase na temporada de 1977 quando o Atlético realizou campanha irretocável no Campeonato Brasileiro. O time chegou à final contra o São Paulo com retrospecto de 17 vitórias e três empates. Derrota, mesmo, apenas nas cobranças de pênaltis daquela decisão, por 3 a 2, ocasião em que o Galo contava com este time: João Leite; Alves, Márcio, Vantuir e Valdemir (Romero); Toninho Cerezo, Ângelo e Paulo Isidoro; Marinho (Serginho), Marcelo (Caio) e Ziza.

 A regularidade encurtou-lhe o caminho à Seleção Brasileira do então treinador Cláudio Coutinho, já falecido. Num dos jogos preparativos à Copa do Mundo de 1978, na Argentina, o time que enfrentou o Peru, em Cali, contou com Leão; Zé Maria, Luís Pereira, Edinho e Rodrigues Neto; Cerezo, Paulo Isidoro e Rivelino; Gil, Roberto Dinamite e Paulo César Caju.

 Em 1980 Paulo Isidoro foi trocado pelo ponteiro-esquerdo Éder, do Grêmio, e na temporada seguinte marcou os dois gols da vitória gremista sobre o São Paulo por 2 a 1, no Estádio Olímpico, na final do Campeonato Brasileiro, num time formado por Emerson Leão; Uchoa, Newmar, Hugo de Leon e Casemiro; China, Paulo Isidoro e Vilson Tadei; Tarciso (Renato), Baltazar e Odair.

 No Mundialito de 1981, quando o Uruguai - que sediou a competição - venceu o Brasil por 2 a 1 e conquistou o título, o técnico Telê Santana também apostou as fichas em Paulo Isidoro naquela final, num time que tinha João Leite; Edevaldo, Oscar, Luizinho e Júnior; Batista, Cerezo e Paulo Isidoro; Tita (Serginho Chulapa), Sócrates e Zé Sérgio (Éder). E na Copa de 1982, na Espanha, Paulo Isidoro foi o 12º jogador do Brasil, pois entrou em quase todas as partidas.

 Já em 1984, quando o Santos montou respeitável time e foi campeão paulista, lá estava Paulo Isidoro, também identificado pelo apelido de Tiziu, ganhado na infância. A referência em questão tinha a ver com o passarinho negro comum em todo país. Naquele time santista, comandado pelo falecido treinador Carlos Castilho, também jogavam o volante Dema e os atacantes Serginho Chulapa e Zé Sérgio, entre outros ‘cobras’.

 A rigor, Paulo Isidoro alongou a carreira de atleta porque adora futebol, assim como adora colecionar carros. Nos tempos em que o veículo ‘Mercedes Benz’ era uma relíquia, já era proprietário de sete deles, guardados em seu sítio em Belo Horizonte, local em que investiu em gado, criação de peixes e montagem de uma escolinha de futebol.

Nenhum comentário: