Até meados da década de 90, meias e atacantes
do futebol brasileiro arrumavam confusões com treinadores porque se recusavam
terminantemente obedecer a orientações para marcação de adversários. Também
torciam o nariz até quando as indicações se restringiam a voltarem apenas para cercar
o adversário, a fim de não lhe proporcionar liberdade para jogar.
Naquela época o meio-campista Paulo Isidoso já
era diferente. Embora originariamente meia-direita driblador, condutor de bola,
e com histórico de 98 gols em 398 partidas disputadas durante aproximadamente
dez anos intercalados pelo Atlético Mineiro, jamais colocava a mão na cintura
quando o ataque de seu time perdia a bola. O espírito de jogador competitivo e
a condição física privilegiada implicavam em recuar para combater o adversário
e ‘roubar’ a bola.
Por causa desta característica, Paulo Isidoso
se adaptou bem à função de volante no Guarani a partir de 1987, num meio de
campo que contava ainda com Barbieri e Neto. Aquele time chegou à final do
Campeonato Paulista de 1988 e perdeu para o Corinthians por 1 a 0, em Campinas. E foi naquela
posição que ele encerrou a carreira aos 43 anos de idade, atuando em clubes do
Norte e Nordeste. Antes disso jogou no Cruzeiro, XV de Jaú, Inter de Limeira (SP)
e Valeriodoce (MG).
Se no começo de carreira não lhe havia espaço
nos bons times montado pelo Galo, a experiência no Nacional de Manaus (AM) foi
suficiente para garantir titularidade no time mineiro a partir de 1974, com ênfase
na temporada de 1977 quando o Atlético realizou campanha irretocável no
Campeonato Brasileiro. O time chegou à final contra o São Paulo com retrospecto
de 17 vitórias e três empates. Derrota, mesmo, apenas nas cobranças de pênaltis
daquela decisão, por 3 a
2, ocasião em que o Galo contava com este time: João Leite; Alves, Márcio,
Vantuir e Valdemir (Romero); Toninho Cerezo, Ângelo e Paulo Isidoro; Marinho
(Serginho), Marcelo (Caio) e Ziza.
A regularidade encurtou-lhe o caminho à
Seleção Brasileira do então treinador Cláudio Coutinho, já falecido. Num dos
jogos preparativos à Copa do Mundo de 1978, na Argentina, o time que enfrentou
o Peru, em Cali, contou com Leão; Zé Maria, Luís Pereira, Edinho e Rodrigues
Neto; Cerezo, Paulo Isidoro e Rivelino; Gil, Roberto Dinamite e Paulo César
Caju.
Em 1980 Paulo Isidoro foi trocado pelo
ponteiro-esquerdo Éder, do Grêmio, e na temporada seguinte marcou os dois gols
da vitória gremista sobre o São Paulo por 2 a 1, no Estádio Olímpico, na final do
Campeonato Brasileiro, num time formado por Emerson Leão; Uchoa, Newmar, Hugo
de Leon e Casemiro; China, Paulo Isidoro e Vilson Tadei; Tarciso (Renato),
Baltazar e Odair.
No Mundialito de 1981, quando o Uruguai - que
sediou a competição - venceu o Brasil por 2 a 1 e conquistou o título, o técnico Telê
Santana também apostou as fichas em Paulo Isidoro naquela final, num time que tinha
João Leite; Edevaldo, Oscar, Luizinho e Júnior; Batista, Cerezo e Paulo
Isidoro; Tita (Serginho Chulapa), Sócrates e Zé Sérgio (Éder). E na Copa de
1982, na Espanha, Paulo Isidoro foi o 12º jogador do Brasil, pois entrou em
quase todas as partidas.
Já em 1984, quando o Santos montou respeitável
time e foi campeão paulista, lá estava Paulo Isidoro, também identificado pelo
apelido de Tiziu, ganhado na infância. A referência em questão tinha a ver com
o passarinho negro comum em todo país. Naquele time santista, comandado pelo
falecido treinador Carlos Castilho, também jogavam o volante Dema e os
atacantes Serginho Chulapa e Zé Sérgio, entre outros ‘cobras’.
A rigor, Paulo Isidoro alongou a carreira de
atleta porque adora futebol, assim como adora colecionar carros. Nos tempos em
que o veículo ‘Mercedes Benz’ era uma relíquia, já era proprietário de sete
deles, guardados em seu sítio em Belo Horizonte , local em que investiu em gado,
criação de peixes e montagem de uma escolinha de futebol.
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