O gaúcho Valdir Joaquim de Morais tem três
bons motivos para comemorar a extensa vida esportiva. Primeiro que já completou
82 anos de idade e não admite aposentadoria, tanto que comunica estar
disponível no mercado para consultoria. Segundo porque desafiou o preconceito
contra goleiros baixinhos e fez história no gol do Palmeiras durante dez anos,
apesar da estatura de 1,68m de altura. Terceiro porque entrou para a história
do futebol brasileiro como o criador da função de preparador de goleiros.
Em entrevista ao portal UOL, Valdir de Morais
contou que dos 60 anos envolvidos no futebol, 30 deles passou distante da
família devido às atribuições em clubes e Seleção Brasileira. “É bom ficar um
pouco ao lado da família, mas eu quero voltar ao trabalho. Tenho conhecimento e
experiência, e sei que ainda posso dar muito ao futebol. Não interessa a
idade”.
Se hoje goleiros com menos de 1,82m de altura
sequer são admitidos em treinos peneiras, em 1947, no Renner (RS), tiveram
percepção que Valdir de Morais compensaria a baixa estatura com excelente
impulsão, reflexo, posicionamento e saída do gol.
Há registro de outros goleiros baixinhos do
passado também bem sucedidos, casos de Jorge Campos, de 1,73m de altura e 130
partidas pela seleção mexicana; o peruano Quiroga com 1,71m; César
(ex-Corinthians) e René Higuita, ambos de 1,75m. Por sinal, o colombiano marcou
oito gols pela seleção de seu país e 33 em clubes através de cobranças de
faltas e pênaltis. Ubirajara Mota, do Bangu, tinha menos que 1,75m de altura.
O Palmeiras teve percepção que Valdir pudesse
substituir Oberdã Catani e o trouxe em 1958, para que fosse titular da posição
durante dez anos e participasse de 482 jogos. Foi o período em que ele
conquistou três títulos e hoje é um dos raros atletas ainda vivos nas duas
primeiras conquistas.
Do time de 1959, só Valdir e o meia Américo
Murolo estão vivos. Eis a escalação: Valdir; Djalma Santos, Waldemar Carabina,
Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho, Américo Murolo,
Romeiro e Nardo. Também falecido é o treinador Oswaldo Brandão. Dos titulares
de 1963, Vicente Arenari morreu em abril passado, aos 78 anos de idade,
lateral-esquerdo deste time: Valdir: Djalma Santos, Djalma Dias, Waldemar
Carabina e Vicente Arenari; Zequinha e Ademir da Guia; Julinho, Servílio, Vavá
e Tupãzinho. Desta equipe, apenas Valdir e Ademir da Guia estão vivos. E no
jogo do título contra o Noroeste, na goleada por 3 a 0, o goleiro foi Picasso.
Valdir ainda foi campeão paulista em 1966 e deixou
o Palmeiras em 1968. No ano seguinte encerrou a carreira no Cruzeiro, para,
incontinenti, criar no Brasil a função de preparador de goleiros. Foi aí que
fez rodízio em grandes clubes paulistas e treinou os goleiros Zetti, Rogério
Ceni, Marcos e Dida, entre outros.
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