Este 12 de julho marca 18 anos da morte do jornalista
João Alves Jobin Saldanha aos 73 anos de idade. Ele estava em Roma, trabalhando
para a TV Manchete durante a Copa do Mundo da Itália, quando foi vítima de
enfisema pulmonar.
Saldanha foi um fumante inveterado, debochado,
destemido, leal e transparente. Quando se entendeu por gente recusou a
nacionalidade uruguaia de Tacuarembó, onde seus pais estavam exilados, e exigiu
mudança de registro para cidadão gaúcho.
Em 1935, aos 18 anos de idade, morava no Rio
de Janeiro, já havia pegado em arma, exercido liderança estudantil, e jogado no
juvenil do Botafogo. Não prosperou como atleta e muito menos como ator.
Politizado, engajou-se ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) e foi candidato a
vice-prefeito do Rio.
Em 1948 foi estudar na França e por acaso
entrou no jornalismo, como correspondente internacional. Na década de 50, de
volta ao País, consagrou-se como analista de futebol em rádio e jornal.
Detectava rapidamente setores vulneráveis de equipes e avisava sem rodeio que
ali estava o ‘mapa da mina’. Escrevia como falava: frases curtas e claras.
Imortalizou algumas pérolas: “Se concentração ganhasse jogo, o time da
penitenciária seria campeão”, ou “se macumba ganhasse jogo, o Campeonato Baiano
terminaria empatado”.
Em 1957, topou o desafio de comandar a equipe
profissional do Botafogo sem nunca ter sido técnico, e levantou o caneco do
Campeonato Carioca. Depois foi cartola do Fogão, retornou ao jornalismo e, em
1969, topou dirigir a Seleção Brasileira nas Eliminatórias à Copa do Mundo do
México, no lugar Oswaldo Brandão.
Na primeira entrevista Saldanha surpreendeu ao
anunciar o time titular, e aqueles boleiros foram batizados de ‘feras do
Saldanha’. E quando se irritou com críticas do técnico Iustrick, do Flamengo,
invadiu a concentração do Retiro dos Padres, com arma em punho, e efetuou um
disparou para assustar o desafeto. Quando o presidente da República Emílio
Médici, na época do regime militar, sugeriu a convocação do centroavante Dario
para o Mundial, a resposta foi malcriada: “Olha, eu organizo meu time, e ele
organiza o ministério”.
A tentativa de interferência do presidente da
CBD (Confederação Brasileira de Desporto), João Havelange, para chamar o
atacante do Galo mineiro, foi em
vão. E isso custou o emprego ao treinador, a 78 dias do
início da competição.
Anos depois, já no período de transição
política para o processo de redemocratização no País, Saldanha afirmou que
Médici fingia quando aparecia em fotos segurando um radinho de pilha colado ao
ouvido. “O rádio estava desligado”.
Segundo a imprensa, Saldanha disse que Pelé
era míope, o que provocou desmentido imediato. “Quem tinha problema na vista
era o Tostão, e ainda assim eu banquei a convocação dele”.
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