segunda-feira, 3 de dezembro de 2012


 Fidélis, o ‘Touro Sentado’

 
 A finalidade de homenagear aqui jogadores do passado preferencialmente em vida foi cumprida à risca no caso do lateral-direito José Maria Fidélis dos Santos, que morreu no dia 28 de novembro passado em São José dos Campos (SP), aos 68 anos de idade, após um câncer de estômago durante sete meses. Agora a história será recapitulada.

 Fidélis media, se muito, 1,70m de altura, e esticava o cabelo com brilhantina, um cosmético em forma de pomada, de aspecto gorduroso, usado em larga escala até nos anos 70. E vejam que a brilhantina inspirou até o músico Raul Seixas - já falecido - em letra de composição intitulada ‘Teddy Boy, Rock e Brilhantina’. Eis a citação da primeira estrofe: “Eu quero avacalhar com toda turma de esquina, com meu cabelo cheio de brilhantina”.

 Fidélis, lateral-direito dos anos 60 e 70, tinha limitações técnicas quando passava do meio de campo. Dele não se esperava um passe alongado, drible ou cruzamento com efeito. Valia-se da força física. Era um implacável marcador, estilo exigido para quem atuasse naquela época na posição, com incumbência de anular antigos ponteiros.

 Isso foi preponderante para que o treinador Vicente Feola o relacionasse entre os 22 jogadores da Seleção Brasileira à Copa do Mundo de 1966 na Inglaterra. E se lá chegou como reserva de Djalma Santos, saiu como titular quando o treinador modificou toda defesa na terceira partida da primeira fase contra Portugal, escalando Manga, Fidélis, Brito, Orlando e Rildo. As modificações foram infrutíferas e o time perdeu por 3 a 1.

 Natural de São José dos Campos, nascido em 13 de março de 1944, Fidélis integrou o melhor time do Bangu de todos os tempos em 1966. Aquele elenco protagonizou inesquecível final de Campeonato Carioca, com goleada por 3 a 0 sobre o Flamengo até os 25 minutos do 2º tempo. Uma confusão generalizada entre jogadores, com o flamenguista Almir Pernambuquinho como pivô, resultou no encerramento antecipado da partida.

 Na época o Bangu mandava jogos até contra grandes clubes do Rio de Janeiro no Estádio Proletário Guilherme da Silva, chamado de Moça Bonita. Se lá já se espremeram 17 mil pessoas no jogo contra o Fluminense em 1949, hoje, por medida de segurança, a lotação não excede 9,5 mil pessoas.

 Fidélis, que chegou ao Bangu em 1963, estranhou a generosidade do bicheiro Castor de Andrade, patrono do clube e já falecido, que pagava bichos aos atletas até em treinos coletivos. Também assimilou bem o apelido de ‘Touro Sentado’, referência a Tatanka Iyotake, índio norte-americano chefe da tribo dos sioux hunkpapa, que viveu entre os anos 1834 e 1890.

 Em fevereiro de 1969 Fidélis trocou o Bangu pelo Vasco, e foi recompensado com a conquista do título brasileiro de 1974, após vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, no Estádio do Maracanã, com 112.993 torcedores presentes.

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