Cinco anos sem o zagueiro Roberto Dias
Cada vez mais observa-se zagueiros se livrarem
da bola diante da aproximação de atacantes adversários. Mesmo com a ela
dominada, raramente arriscam a jogada pessoal por causa do medo de perdê-la.
Assim, quando ‘apertados’, geralmente a tocam para a lateral do campo.
Se a maioria deles pudesse assistir vídeos que
mostram a performance do zagueiro Roberto Dias, já falecido, se envergonharia.
Na mesma circunstância, o são-paulino da década de 60 aplicava dribles nos
adversários e saía com a bola limpa de trás, conduzindo-a com sabedoria. A
precisão no passe permitia que fizesse ligação direta da defesa ao ataque, com
lançamentos bem endereçados. Também era cobrador oficial de faltas de sua equipe
e se adaptava à função de volante sempre que necessário. Por isso chegou à
Seleção Brasileira.
O coração que havia abreviado a brilhante
carreira dele no São Paulo em 1973, parou de bater no dia 26 de setembro de
2007. Dois dias antes da morte ainda deu treino para filhos de associados do
São Paulo, e de certo os jovens questionaram como aquele velhinho de cabelos
prateados, magricelo, de 64 anos de idade e 1,71m de altura foi considerado um
dos melhores quarto-zagueiros de todos os tempos do futebol brasileiro?
A bola parecia grudar na região peitoral
dele a cada ‘matada’. Lançado no time principal do São Paulo em 1961, no ano
seguinte se firmou como titular numa equipe formada por Poy; De Sordi, Belini,
Dias e Sabino; Cido e Benê; Faustino, Prado, Jair e Agenor. O treinador era Osvaldo
Brandão.
Durante a década de 60, os cartolas do São
Paulo priorizaram a construção do Estádio do Morumbi, relegando o futebol. Inicialmente
Dias fez dupla de zaga com Belini. Depois, o seu companheiro foi Jurandir
(igualmente falecido), um negro era alto, forte, e quase intransponível no jogo
aéreo, virtude que compensava as bolas que Dias não alcançava, apesar de sua
impulsão fantástica.
Em 14 de agosto de 1963, Dias atuou no
jogo do cai-cai provocado pelo Santos, que perdeu por 4 a 1. Pelé e Coutinho haviam
sido expulsos no primeiro tempo e o lateral Cido Jacaré, com fratura no
perônio, deixou o campo numa época em que não se permitia substituição de
jogador. Assim, após o quarto gol de Pagão para os são-paulinos, Dorval e Pepe
simularam contusões a fim de que o Santos não tivesse número suficiente de
jogadores para prosseguir naquela partida.
Tudo ia relativamente bem para Dias até que
em1969 os médicos diagnosticaram problema no coração, e ele teve de se afastar
do futebol por um ano. Na volta, o São Paulo investiu na montagem de time
competitivo e ele pôde comemorar o bicampeonato paulista em 1970/71.
Em 1973 recebeu carta de liberação do
passe e insistiu no futebol no Jalisco do México, Ceub do Distrito Federal, e
Dom Bosco de Mato Grosso, mas a vida útil como jogador de futebol havia
acabado.
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