segunda-feira, 24 de setembro de 2012


Cinco anos sem o zagueiro Roberto Dias


 Cada vez mais observa-se zagueiros se livrarem da bola diante da aproximação de atacantes adversários. Mesmo com a ela dominada, raramente arriscam a jogada pessoal por causa do medo de perdê-la. Assim, quando ‘apertados’, geralmente a tocam para a lateral do campo.

 Se a maioria deles pudesse assistir vídeos que mostram a performance do zagueiro Roberto Dias, já falecido, se envergonharia. Na mesma circunstância, o são-paulino da década de 60 aplicava dribles nos adversários e saía com a bola limpa de trás, conduzindo-a com sabedoria. A precisão no passe permitia que fizesse ligação direta da defesa ao ataque, com lançamentos bem endereçados. Também era cobrador oficial de faltas de sua equipe e se adaptava à função de volante sempre que necessário. Por isso chegou à Seleção Brasileira.

 O coração que havia abreviado a brilhante carreira dele no São Paulo em 1973, parou de bater no dia 26 de setembro de 2007. Dois dias antes da morte ainda deu treino para filhos de associados do São Paulo, e de certo os jovens questionaram como aquele velhinho de cabelos prateados, magricelo, de 64 anos de idade e 1,71m de altura foi considerado um dos melhores quarto-zagueiros de todos os tempos do futebol brasileiro?
 A bola parecia grudar na região peitoral dele a cada ‘matada’. Lançado no time principal do São Paulo em 1961, no ano seguinte se firmou como titular numa equipe formada por Poy; De Sordi, Belini, Dias e Sabino; Cido e Benê; Faustino, Prado, Jair e Agenor. O treinador era Osvaldo Brandão.
 Durante a década de 60, os cartolas do São Paulo priorizaram a construção do Estádio do Morumbi, relegando o futebol. Inicialmente Dias fez dupla de zaga com Belini. Depois, o seu companheiro foi Jurandir (igualmente falecido), um negro era alto, forte, e quase intransponível no jogo aéreo, virtude que compensava as bolas que Dias não alcançava, apesar de sua impulsão fantástica.
 Em 14 de agosto de 1963, Dias atuou no jogo do cai-cai provocado pelo Santos, que perdeu por 4 a 1. Pelé e Coutinho haviam sido expulsos no primeiro tempo e o lateral Cido Jacaré, com fratura no perônio, deixou o campo numa época em que não se permitia substituição de jogador. Assim, após o quarto gol de Pagão para os são-paulinos, Dorval e Pepe simularam contusões a fim de que o Santos não tivesse número suficiente de jogadores para prosseguir naquela partida.
 Tudo ia relativamente bem para Dias até que em1969 os médicos diagnosticaram problema no coração, e ele teve de se afastar do futebol por um ano. Na volta, o São Paulo investiu na montagem de time competitivo e ele pôde comemorar o bicampeonato paulista em 1970/71.
 Em 1973 recebeu carta de liberação do passe e insistiu no futebol no Jalisco do México, Ceub do Distrito Federal, e Dom Bosco de Mato Grosso, mas a vida útil como jogador de futebol havia acabado.

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