segunda-feira, 3 de setembro de 2012


  

Adeus a Ruço, volante do Corinthians

 
 Havia produzido uma coluna com antecedência relatando um pouco do que foi o meia Lola, que fez tremendo sucesso no Atlético Mineiro, e depois se transformou num cigano da bola. Nela contaria que hoje ele decidiu morar em sítio de Ribeirão Preto (SP), mas esta história vai ficar para outra ocasião. É que o volante Ruço, do Corinthians, morreu, e você bem sabe que o boleiro que morre recebe aqui a última homenagem.

 A coluna pauta pelas homenagens em vida, porém por algumas razões, e até por falta de mais informações, o personagem em questão continua na fila até que, a exemplo de Ruço, entra obrigatoriamente na pauta semanal.

 Quanto tempo não se ouvia falar no volante Ruço? Ele foi mais um dos atletas do passado que saem do ostracismo quando morrem. Vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral), ele morreu no dia 1º de setembro, no Rio de Janeiro, aos 63 anos de idade.

 Nos tempos que Ruço jogou no Corinthians, de 1975 a 1978, o então presidente Vicente Matheus - já falecido - exigia que até os ‘cobras’ assinassem contratos em branco, na base da confiança. Depois avaliava quanto deveria pagar para o atleta e preenchia o valor no vínculo contratual.

 Logo, aquilo que Ruço ganhou jogando no Timão, Remo (PA), Botafogo (RJ), Cruzeiro, Juventus e Rio Branco (ES) não permitiu que ficasse de ‘barriga pro ar’. Teve que se virar em outro ramo de atividade, e uma das opções encontradas foi montar um bar no Rio de Janeiro.

 Vejam que diferença para o atual momento de boleiros de grandes clubes! Volante como Ruço que marca e sabe trabalhar a bola não ganha menos que R$ 40 mil por mês.

 Ruço quase não era requisitado pela mídia para as entrevistas, geralmente reservadas aos atletas mais badalados. Quando isso ocorria, no rádio, usava o tradicional bordão da época para iniciar a fala: “Ouvintes, meus cumprimentos”.

 Falar, mesmo, era com os companheiros em campo, para o posicionamento adequado. Embora jogador de marcação, de vez em quando aparecia no ataque e justificava o atrevimento com alguns golzinhos, o principal deles contra o Fluminense no dia 5 de dezembro de 1976, quando 70 mil corintianos invadiram o Estádio do Maracanã.

 Foi um gol de voleio, tipo meia bicicleta, naquele empate heróico por 1 a 1, fato que estendeu a definição do finalista do Campeonato Brasileiro daquela temporada às cobranças de pênaltis, com vantagem corintiana por 4 a 1.

 Corintiano nostálgico de certo ainda guarda o pôster da equipe campeã paulista de 1977, da final contra a Ponte Preta, quando terminou a ‘tortura’ de quase 23 anos sem títulos. Naquele time estavam os cabeludos estilo black power como Romeu Cambalhota, Luciano Coalhada, Geraldão e Ruço.

 Ruço e russo (natural da Rússia) são palavras homônimas homófonas, ou seja, pronúncia idêntica com grafias diferentes. Coisas desta complexa língua portuguesa.

 

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