Adeus a Ruço, volante
do Corinthians
Havia produzido uma
coluna com antecedência relatando um pouco do que foi o meia Lola, que fez
tremendo sucesso no Atlético Mineiro, e depois se transformou num cigano da
bola. Nela contaria que hoje ele decidiu morar em sítio de Ribeirão Preto (SP),
mas esta história vai ficar para outra ocasião. É que o volante Ruço, do
Corinthians, morreu, e você bem sabe que o boleiro que morre recebe aqui a última
homenagem.
A coluna pauta pelas
homenagens em vida, porém por algumas razões, e até por falta de mais informações,
o personagem em questão continua na fila até que, a exemplo de Ruço, entra
obrigatoriamente na pauta semanal.
Quanto
tempo não se ouvia falar no volante Ruço? Ele foi mais um dos atletas do
passado que saem do ostracismo quando morrem. Vítima de AVC (Acidente Vascular
Cerebral), ele morreu no dia 1º de setembro, no Rio de Janeiro, aos 63 anos de
idade.
Nos tempos que Ruço
jogou no Corinthians, de 1975
a 1978, o então presidente Vicente Matheus - já falecido
- exigia que até os ‘cobras’ assinassem contratos em branco, na base da
confiança. Depois avaliava quanto deveria pagar para o atleta e preenchia o
valor no vínculo contratual.
Logo, aquilo que Ruço
ganhou jogando no Timão, Remo (PA), Botafogo (RJ), Cruzeiro, Juventus e Rio
Branco (ES) não permitiu que ficasse de ‘barriga pro ar’. Teve que se virar em
outro ramo de atividade, e uma das opções encontradas foi montar um bar no Rio
de Janeiro.
Vejam que diferença
para o atual momento de boleiros de grandes clubes! Volante como Ruço que marca
e sabe trabalhar a bola não ganha menos que R$ 40 mil por mês.
Ruço quase não era
requisitado pela mídia para as entrevistas, geralmente reservadas aos atletas
mais badalados. Quando isso ocorria, no rádio, usava o tradicional bordão da época
para iniciar a fala: “Ouvintes, meus cumprimentos”.
Falar, mesmo, era com
os companheiros em campo, para o posicionamento adequado. Embora jogador de
marcação, de vez em quando aparecia no ataque e justificava o atrevimento com
alguns golzinhos, o principal deles contra o Fluminense no dia 5 de dezembro de
1976, quando 70 mil corintianos invadiram o Estádio do Maracanã.
Foi um gol de voleio,
tipo meia bicicleta, naquele empate heróico por 1 a 1, fato que estendeu a
definição do finalista do Campeonato Brasileiro daquela temporada às cobranças
de pênaltis, com vantagem corintiana por 4 a 1.
Corintiano nostálgico
de certo ainda guarda o pôster da equipe campeã paulista de 1977, da final
contra a Ponte Preta, quando terminou a ‘tortura’ de quase 23 anos sem títulos.
Naquele time estavam os cabeludos estilo black power como Romeu Cambalhota, Luciano
Coalhada, Geraldão e Ruço.
Ruço e russo (natural
da Rússia) são palavras homônimas homófonas, ou seja, pronúncia idêntica com
grafias diferentes. Coisas desta complexa língua portuguesa.
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