Aimoré Moreira, técnico vencedor da Copa de
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Além das performances de Mané Garrincha e
Amarildo, o cinqüentenário da conquista do bicampeonato mundial da Seleção
Brasileira no Chile, comemorado neste mês de junho, nos remete à reflexão sobre
a mudança de avaliação do trabalho de treinadores de futebol do país.
Hoje, quem comanda a seleção atinge o patamar
na carreira, e por isso não se admite regressão profissional. Vejam a
prosperidade profissional e financeira daqueles que por lá passaram nos últimos
20 anos, conquistando ou não títulos! São os casos de Mário Jorge Lobo Zagallo,
Carlos Alberto Parreira, Emerson Leão, Vanderlei Luxemburgo, Dunga e Luiz
Felipe Scolari.
Agora, com o cinqüentenário do bicampeonato
mundial de futebol, raramente o treinador Aimoré Moreira (já falecido) é citado
com ênfase. Há registro - e verdadeiro - de que ele só esteve lá porque o
titular, Vicente Feola, havia adoecido.
Na época, dizia-se que o mérito da conquista
era absoluto dos jogadores. Idolatrava-se Garrincha e alardeava-se que aqueles
fantásticos dribles aplicados nos adversários eram fundamentais para aniquilá-los.
Isso porque Pelé havia se machucado e foi substituído por Amarildo.
Há 50 anos, poucos admitiam que treinadores tinham
interferência positiva no crescimento de produção de jogadores. Dizia-se que o
bom técnico era aquele que não atrapalhava o grupo, mas Aimoré extrapolava
aquela conceituação.
Duvida? Então saiba que não foi por acaso que
Mané Garrincha marcou até gol de cabeça, posicionado na grande área, na Copa do
Chile. E quem o posicionou mais próximo do gol?
Está certo que os treinadores daquela época não
se debruçavam em táticas, que as orientações básicas eram preservar cada
jogador na posição originária, mas conceituações técnicas tinham peso considerável,
exigindo do comandante profundo conhecimento das características de seus
jogadores e dos adversários.
Se a zaga adversária tinha deficiência no jogo
aéreo, a combinação para ganhar a partida era trabalhar o jogo aéreo. Na hipótese
de um lateral ter deficiência na marcação quando o ponteiro driblava por
dentro, a estratégia em prática era insistir sobre o chamado ‘pé bobo’ do
adversário.
Nesses quesitos Aimoré trabalhava bem e nem
por isso priorizou contratos só com grandes clubes, após a conquista do bicampeonato.
Suas passagens por São Paulo, Palmeiras, Santos, Corinthians, Cruzeiro, Bahia,
etc., foram entremeadas por clubes de menor expressão como Ferroviária de
Araraquara (SP), Taubaté (SP) e Galícia (BA), e de conotação média, caso da
Portuguesa.
Antes de seguir a carreira de treinador, Aimoré
foi goleiro de Botafogo (RJ) e Palmeiras, isso depois da frustrante tentativa
como ponteiro-direito. E se fosse vivo teria completado 100 anos em janeiro
passado. Aimoré morreu no dia 26 de junho de 1998.
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