segunda-feira, 18 de junho de 2012


Aimoré Moreira, técnico vencedor da Copa de 62

  

 Além das performances de Mané Garrincha e Amarildo, o cinqüentenário da conquista do bicampeonato mundial da Seleção Brasileira no Chile, comemorado neste mês de junho, nos remete à reflexão sobre a mudança de avaliação do trabalho de treinadores de futebol do país.

 Hoje, quem comanda a seleção atinge o patamar na carreira, e por isso não se admite regressão profissional. Vejam a prosperidade profissional e financeira daqueles que por lá passaram nos últimos 20 anos, conquistando ou não títulos! São os casos de Mário Jorge Lobo Zagallo, Carlos Alberto Parreira, Emerson Leão, Vanderlei Luxemburgo, Dunga e Luiz Felipe Scolari.

 Agora, com o cinqüentenário do bicampeonato mundial de futebol, raramente o treinador Aimoré Moreira (já falecido) é citado com ênfase. Há registro - e verdadeiro - de que ele só esteve lá porque o titular, Vicente Feola, havia adoecido.

 Na época, dizia-se que o mérito da conquista era absoluto dos jogadores. Idolatrava-se Garrincha e alardeava-se que aqueles fantásticos dribles aplicados nos adversários eram fundamentais para aniquilá-los. Isso porque Pelé havia se machucado e foi substituído por Amarildo.

 Há 50 anos, poucos admitiam que treinadores tinham interferência positiva no crescimento de produção de jogadores. Dizia-se que o bom técnico era aquele que não atrapalhava o grupo, mas Aimoré extrapolava aquela conceituação.

 Duvida? Então saiba que não foi por acaso que Mané Garrincha marcou até gol de cabeça, posicionado na grande área, na Copa do Chile. E quem o posicionou mais próximo do gol?

 Está certo que os treinadores daquela época não se debruçavam em táticas, que as orientações básicas eram preservar cada jogador na posição originária, mas conceituações técnicas tinham peso considerável, exigindo do comandante profundo conhecimento das características de seus jogadores e dos adversários.

 Se a zaga adversária tinha deficiência no jogo aéreo, a combinação para ganhar a partida era trabalhar o jogo aéreo. Na hipótese de um lateral ter deficiência na marcação quando o ponteiro driblava por dentro, a estratégia em prática era insistir sobre o chamado ‘pé bobo’ do adversário.

 Nesses quesitos Aimoré trabalhava bem e nem por isso priorizou contratos só com grandes clubes, após a conquista do bicampeonato. Suas passagens por São Paulo, Palmeiras, Santos, Corinthians, Cruzeiro, Bahia, etc., foram entremeadas por clubes de menor expressão como Ferroviária de Araraquara (SP), Taubaté (SP) e Galícia (BA), e de conotação média, caso da Portuguesa.

 Antes de seguir a carreira de treinador, Aimoré foi goleiro de Botafogo (RJ) e Palmeiras, isso depois da frustrante tentativa como ponteiro-direito. E se fosse vivo teria completado 100 anos em janeiro passado. Aimoré morreu no dia 26 de junho de 1998.


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