sexta-feira, 27 de abril de 2012




Douglas, futebol e negócios paralelamente





 Jogador de futebol, mesmo feio que dói, faz sucesso com a mulherada. Imaginem, então, um boleiro boa pinta, cabeços caídos nos ombros e bom de bola, como foi o volante Douglas, marcado singularmente como sucessor de Wilson Piazza no Cruzeiro.

 Só que Douglas não era mulherengo. Sequer tinha hábitos de vida noturna e foi identificado como o maior pão-duro do grupo cruzeirense. O dinheiro era aplicado em negócios, um deles uma confecção em sociedade com a noiva da época. Certa ocasião, trocou o seu veículo Escort por um terreno.

 O diferencial de Douglas foi a formação. Aprendeu a dureza da vida na infância e adolescência, quando aprendeu o ofício de sapateiro e foi ajudante de seu pai na oficina.

 Antes mesmo de parar de jogar havia demonstrado aptidão pelos negócios. Comprou cinco alqueires a 200 quilômetros de Belo Horizonte, com objetivo de comercializar galinha. “É um ramo bastante rentável”, justificou na época, com a sabedoria de agregar produção de milho e ração em sua propriedade.

 William Douglas Menezes, nascido em 17 de março de 1963, chutava bola nos campinhos da periferia de Belo Horizonte até ser levado para treinar no dente de leite do Cruzeiro, aos 12 anos de idade. A boa colocação, capacidade de antecipação nas jogadas e bom passe foram preponderantes para que aos 19 anos de idade assumisse a condição de titular da camisa 5 do Cruzeiro.

 Lá viveu o melhor período no futebol e foi apelidado de ‘príncipe’ pela equipe de esportes da Rádio Inconfidência, da capital mineira. Foi reserva em raras partidas na temporada de 1984, e só por capricho do treinador Osvaldo Brandão, já falecido. Entretanto, bastou o time levar uma ‘sapecada’ do Inter (RS) para que Brandão parasse de ‘graça’ e o recolocasse no time.

 A permanência no Cruzeiro foi prolongada até 1988. Aí, com passe livre, acertou contrato com a Portuguesa. Por sinal, Douglas era duro na queda no quesito renovação de contrato. Geralmente os cartolas eram pressionados a ceder e ele levava vantagem.

 Douglas parou de jogar futebol em 1995 e participou daquele time de medalhões da Ponte Preta que caiu para a segunda divisão do futebol paulista, comandado pelo técnico Geninho: João Brigatti; Zelão, Pedro Luiz, Hélio e Paulo César; Macalé, Douglas, Carlos André e Careca; Gaúcho e João Paulo.

 Antes disso foi bem sucedido nas passagens pela Seleção Brasileira de 1983 a 1988. Sonhou com vaga no Mundial de 1982 na Espanha, mas o preferido foi o volante Elzo, do rival Atlético (MG).

 Também deixou boa recordação no Sporting de Portugal, e na volta ao Cruzeiro, com a conquista da Supercopa da Libertadores em 1992.

 Douglas ainda tentou ingressar na carreira de treinador, porém sem sucesso. Em 2006 trabalhou no Itaúna, espécie de filial do Cruzeiro, e um ano depois no Jataiense de Goiás.


Um comentário:

Eleimar da Rocha Brandão disse...

Ari, parabéns pelo texto! O texto está totalmente correto em relação às informações. E Douglas foi realmente um grande jogador. Abraços, Eleimar (Belo Horizonte/MG)