terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Fidélis, o ‘Touro Sentado’

Fidélis, lateral-direito dos anos 60 e 70, tinha limitações técnicas quando passava do meio de campo. Dele não se esperava um passe alongado, drible ou cruzamento com efeito. Valia-se da força física e inquestionavelmente era um implacável marcador, estilo exigido para quem atuasse na posição naquela época, como o contemporâneo Nelsinho Batista, do São Paulo.

A rigor, essa virtude de anular antigos ponteiros foi preponderante para que o técnico Vicente Feola o relacionasse entre os 22 jogadores da Seleção Brasileira à Copa do Mundo de 1966 na Inglaterra. E se lá chegou como reserva de Djalma Santos, saiu como titular quando o treinador modificou toda defesa na terceira partida da fase contra Portugal, escalando Manga, Fidélis, Brito, Orlando e Rildo. As modificações foram infrutíferas e o time perdeu por 3 a 1.

José Maria Fidélis dos Santos é natural de São José dos Campos (SP), nasceu no dia 13 de março de 1944, e integrou o melhor time do Bangu de todos os tempos em 1966. Aquele elenco protagonizou inesquecível final de Campeonato Carioca, com goleada por 3 a 0 sobre o Flamengo até os 25 minutos do 2º tempo. Uma confusão generalizada entre jogadores, com o flamenguista Almir Pernambuquinho como pivô, resultou no encerramento antecipado da partida. Desesperados com ‘a viola em cacos’, flamenguistas maus perdedores apelaram e empanaram o brilho da festa.

Na época o Bangu mandava jogos até contra grandes clubes do Rio de Janeiro no Estádio Proletário Guilherme da Silva, chamado de Moça Bonita. Se lá já se espremeram 17 mil pessoas no jogo contra o Fluminense em 1949, hoje, por medida de segurança, a lotação não excede 9,5 mil pessoas. E o time que já penou na segunda divisão estadual, desde 2008 participa do grupo de elite.

Fidélis, que chegou ao Bangu em 1963, estranhou a generosidade do bicheiro Castor de Andrade, patrono do clube, que ousava pagar bichos aos atletas até em treinos coletivos. Também assimilou bem o apelido de ‘Touro Sentado’, referência a Tatanka Iyotake, índio norte-americano chefe da tribo dos sioux hunkpapa, que viveu entre os anos 1834 e 1890.

A trajetória ascendente do lateral em fevereiro de 1969 implicou na troca do Bangu pelo Vasco. A recompensa principal foi a conquista do título brasileiro em 1974, após vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro no Estádio do Maracanã, com 112.993 torcedores presentes.

Fidélis mede, se muito, 1,70m de altura, e esticava o cabelo com brilhantina, um cosmético em forma de pomada, de aspecto gorduroso, usado em larga escala até nos anos 70. E vejam que a brilhantina inspirou até o músico Raul Seixas - já falecido - em letra de composição intitulada ‘Teddy Boy, Rock e Brilhantina’. Eis a citação da primeira estrofe: “Eu quero avacalhar com toda turma de esquina, com meu cabelo cheio de brilhantina”.



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