segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Nei, um driblador

Se hoje treinadores de futebol têm cuidados excessivos para lançamentos de jovens da base na equipe principal, décadas passadas não havia paúra. Garotos com potencial, mesmo com 17 anos de idade e franzinos, eram considerados ‘peças’ de reposição nos clubes. Foi assim também com o ponteiro-esquerdo Nei, revelado pela Ferroviária de Araraquara (SP), e que posteriormente se tornou ídolo da torcida palmeirense. Em 1967, num amistoso de um clube amador de Nova Europa - pequena cidade do interior paulista - contra o juvenil da Ferroviária, o então visitante Nei ‘arrebentou’ com o jogo e despertou cobiça do técnico Vail Mota, da equipe principal do clube araraquarense. E bastaram quatro meses entre juvenis grenás para que fosse promovido ao profissional.

Nei esperou a negociação de seu antecessor Pio ao Palmeiras em 1969 para ser intocável na ‘ferrinha’. Seu estilo era entortar laterais com balanços, dribles para quaisquer dos lados e caprichosos cruzamentos visando a cabeça do centroavante. Assim, pode-se dizer que era um assistente de goleador.

Em 1972 Nei se transferiu para o Palmeiras, e a recompensa ocorreu logo no primeiro biênio com a conquista do bicampeonato brasileiro, num time base formado por Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo Mostarda e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu Bala, Leivinha, Cesar Maluco e Nei. Outra conquista inesquecível foi a do Campeonato Paulista de 1974, na eletrizante final contra o Corinthians.

Nei caiu nas graças do torcedor palmeirense por travar grandes duelos contra marcadores de clubes rivais. Carlos Alberto Torres, do Santos, costumava ameaçá-lo antes dos confrontos: “Se vier fazer gracinha pro meu lado vai levar bordoada”. O sãopaulino Pablo Forlan apelava logo de cara na tentativa de intimidá-lo. O corintiano Zé Maria também passava apertado com Nei, e essa situação se arrastou para os adversários do Palmeiras até novembro de 1979, quando se despediu do clube após goleada por 5 a 0 sobre o Santos. Nei foi envolvido numa troca com o ponteiro-direito Osni do Botafogo de Ribeirão Preto (SP), onde ficou somente três meses. “Não vi a cor do dinheiro e fui embora”.

O passo seguinte - e último - foi o Grêmio Maringá (PR), que na época apostou em jogadores experientes como o volante Zé Carlos, ex-Cruzeiro e Guarani. Depois restaram lembranças da carreira, uma delas quatro jogos pela Seleção Brasileira, um na vitória contra a extinta União Soviética por 2 a 0, no Estádio do Maracanã em 1976.

O apelido Nei geralmente é sufixo de prenomes Sidnei e Claudinei. O Nei em questão foi diferente, até porque seu nome é Elias Ferreira Sobrinho, 61 anos de idade e há 24 anos radicado em Ibitinga (SP), onde é secretário municipal de Esportes. Atribuem o apelido à semelhança ao Nei do Corinthians da década de 50.

Nenhum comentário: