segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Urubatão, um disciplinador

Urubatão Calvo Nunes não foi um jogador de futebol acima da média nos tempos do grande Santos das décadas de 50 e 60. Também foi um treinador apenas razoável. Apesar disso, cravou uma história na carreira para merecer algo além de um mero registro, se tanto, quando de sua morte no dia 24 de setembro passado.
Urubatão tinha 79 anos de idade quando foi vencido por um tumor cerebral e outro no pulmão. Antes de adoecer transformou-se em comentarista de futebol no rádio de Santos, cidade onde estava radicado quando deixou de treinar clubes.
Nascido no Rio de Janeiro, Urubatão jogou no pequeno Bonsucesso até ser descoberto pelo Santos em 1954, onde disputou posição com o volante Zito e o zagueiro Formiga. Lá foi bicampeão paulista em 1955/56 na condição de reserva. Eis os titulares: Manga; Hélvio e Ivan; Ramiro, Formiga e Zito; Tite, Jair da Rosa Pinto, Pagão, Del Vechio e Pepe.
Já em 1959, ainda no Santos vice-campeão regional, após derrota para o Palmeiras por 2 a 1, foi titular na patota formada por Laércio; Getúlio, Dalmo, Formiga e Feijó; Zito e Urubatão; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Urubatão deixou o Santos em 1961 com histórico de títulos e caminho facilitado para chegar à Seleção Brasileira, onde atuou uma vez: dia 7 de junho de 1957, na derrota para a Argentina por 2 a 1, no Estádio do Maracanã, em jogo que marcou a estréia de Pelé no selecionado. Sílvio Pirilo era o técnico.
Depois disso, foi destaque na mídia quando integrava o time da Ponte Preta no Campeonato Paulista da segunda divisão de 1964, com término somente no dia 7 de março de 1965, no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, na derrota da Ponte para a Portuguesa Santista por 1 a 0, gol do atacante Samarone, na finalíssima. Aquele time pontepretano tinha Aníbal (Fernandes); Valmir e Antoninho; Ivan, Sebastião Lapola e Jurandir; Jair, Ari, Da Silva, Urubatão e Almeida.
Como treinador, Urubatão foi rigoroso no aspecto disciplinar nas passagens por Portuguesa, Coritiba, Colorado (atual Paraná Clube), Londrina, Fortaleza e principalmente clubes do interior de São Paulo como Noroeste, América e Araçatuba. Não permitia intimidade dos comandados, e exigia boa aparência e pontualidade nos treinos. Supersticioso, impedia que jogadores tomassem banho antes dos jogos, com a infundada justificativa que isso atrapalhava o aquecimento.
Arrogante, às vésperas dos jogos afirmava que a sua preocupação não era com o adversário, e sim com o seu time. A justificativa pode ser interpretada em uma repetida frase: “Quem sabe me ensina. Quem sabe igual me lembra. Quem sabe menos bate palmas”.
No banco de reservas, Urubatão dava mau exemplo ao acender um cigarro com o ‘toco’ de outro. A boleirada não reclamada daquela famaceira por motivos óbvios, se bem que a maioria também era fumante naquela época. Hoje, no Brasil, quem fica no banco com os jogadores evita o cigarro.

Nenhum comentário: