segunda-feira, 27 de setembro de 2010

De Sordi fica fora da foto

Se o São Paulo já foi um clube modelo por contratar ou formar em casa bons laterais-direitos, paradoxalmente continua improvisando o volante Jean na função. Já abasteceu a Seleção Brasileira com os laterais Cicinho, Cafu, Zé Carlos e De Sordi. Também contou, na década de 70, com o botinudo uruguaio Pablo Justo Forlan - absoluto no selecionado celeste -, e o regularíssimo Nelsinho Batista, hoje treinador de futebol.
Da leva de bons laterais-direitos do passado do São Paulo, um deles vive de sombra e água fresca: o piracicabano Nilson de Sordi, que em fevereiro passado completou 79 anos de idade. Recentemente ele trocou o sossego na fazenda da família em Bandeirantes - interior do Paraná - pela vida pacata em João Pessoa, capital da Paraíba, cidade fundada em 5 de agosto de 1585, a segunda mais verde do planeta, superada apenas por Paris, capital da França.
A convivência com os receptivos paraibanos serviu para De Sordi ouvir incontáveis histórias de pescadores, que exercem uma das principais atividades econômicas de João Pessoa. Lá também pôde se aproximar de dois filhos agrônomos.
Embora vitimado pelo Mal de Parkinson e tenha dificuldade para falar, está lúcido. Lembra que em 1952 trocou o XV de Piracicaba (SP) pelo Tricolor paulista aos 18 anos de idade. Não se cansa de repetir a história da final da Copa do Mundo de 1958, quando ficou de fora do time e da foto oficial do título mundial brasileiro em decorrência de uma contusão muscular na fase semifinal, contra os franceses. “Teve gente que falou que eu amarelei. Na verdade levei em conta a temeridade de entrar em campo machucado. Na época, a Fifa não permitia substituição. Caso arriscasse, podia prejudicar o time”, explicou.
Azar de De Sordi, sorte de Djalma Santos que jogou apenas na final contra a Suécia, em Estocolmo, na goleada brasileira por 5 a 2, e foi considerado o melhor jogador da posição daquele Mundial. Terminava ali a trajetória de De Sordi na Seleção Brasileira, com 25 jogos. Depois, ficou no São Paulo até 1965, onde comemorou os títulos do Paulistão de 1953 e 1957. Aquele São Paulo de 1957, campeão após vitória por 3 a 1 sobre o Corinthians, era formado por Poy, De Sordi e Mauro; Sarará, Vitor e Ribeiro; Maurinho, Amauri, Gino, Zizinho e Canhoteiro.
Na época o treinador era o húngaro Bela Gutman, que logo na chegada fixou estacas de madeiras no gramado e pediu aos jogadores que acertassem a bola em cada uma delas, com chutes de 20m de distância. E só o provocador Gutman acertou todos os alvos.
De Sordi sobressaía-se na marcação, a exemplo dos laterais da época. Pouco se atrevia passar da linha demarcatória do meio-de-campo. Com vigor físico invejável, ganhava a maioria dos duelos com ponteiros e adicionava ainda coberturas no miolo de zaga. Apesar da estatura mediana - 1,71m de altura -, explorava a boa impulsão para rebater bolas de cabeça.

Nenhum comentário: