segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mané Garrincha faria 77 anos

Fosse vivo, Mané Garrincha completaria 77 anos de idade neste dia 28 de outubro. Eis aí uma história de um dos dez melhores jogadores do planeta de todos os tempos que chegou ao fim da vida de pileque em pileque. Ele foi se destruindo até a morte no dia 20 de janeiro de 1983, deixando um exemplo que não deve ser seguido por boleiros: refúgio no álcool quando param de jogar futebol.
Há quem exagere ao citar que Mané foi melhor que Pelé. O jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues - já falecido - costumava dizer que “Mané era a única sanidade mental do país”. Por quê? “Ele não precisava pensar”, justificava o jornalista.
Na prática Mané não suplantou Ronaldo Fenômeno e Pelé, entre os brasileiros, cujas histórias no futebol são mais longas. No entanto, o carioca foi um driblador inigualável e irônico, pois todos os marcadores eram chamados de ‘João’. Com as suas pernas tornas os infernizavam aplicando dribles desconcertantes. A esquerda era cinco centímetros mais curta que a direita.
Mané Garrincha ‘explodiu’ na Copa do Mundo na Suécia, em 1958. Chegou à competição como reserva do flamenguista Joel, e entrou na equipe brasileira só na terceira partida, contra a extinta União Soviética. Aí, ‘arrebentou’ com o jogo. Posteriormente teve participação decisiva na conquista daquele título mundial e, folclore ou não, em meio às comemorações, dizem que se aproximou do capitão Belini e murmurou: “Eta torneinho curto e sem graça. Não tem nem segundo turno!”
Mané vivia a vida intensamente e de forma irresponsável, jamais dimensionando que o ídolo é mirado como exemplo. No auge da fama abandonava os treinos do Botafogo do Rio de Janeiro para caçar passarinhos e tomar cachaça com amigos de infância no distrito de Pau Grande, município de Magé, interior do Rio de Janeiro. Foi lá que nasceu e foi registrado no cartório civil com o nome de Manoel Francisco dos Santos.
Pode-se dizer que Mané vivia o hoje sem se importar com o amanhã. Não se apegava a bens materiais e gastava o dinheiro de salários e bichos sem dó. Sustentava pais, irmãos, parentes e torrava o resto com amigos em noitadas, bebedeiras e mulheres. Durante a farra contava piava e sorria à-toa. Era dos tais que socava a mesa e alardeava que em sua companhia ninguém pagava conta de bar.
Sem consciência dos malefícios de jogar contundido, as lesões em seu joelho foram se agravando e a queda de rendimento foi sintomática. Depois, quando as pernas já não obedeciam ao cérebro, teimava entrar em campo e passava vergonha. Era anulado com facilidade pelos adversários.
Corinthians e Flamengo acreditaram que pudesse repetir em campo algumas das incontáveis boas jogadas, porém sem sucesso.
Desportistas na faixa etária dos 40 anos de idade que não puderam ver os dribles de Mané Garrincha sequer em filmagens também reconhecem que ele foi ‘a alegria do povo’.

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