segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Joel Santana, beque grosso

Joel Natalino Santana completará 62 anos de idade no dia de Natal. Seu perfil como treinador é daqueles que jogam com o time. Fica agitado à beira do gramado, e na maioria das vezes extrapola o espaço no retângulo demarcado como área de atuação. Aos berros, alerta a boleirada para cercar espaços do adversário, e não perde a mania de ‘cantar’ jogadas aos comandados. Por vezes esquece de anotações de praxe na indispensável prancheta que carrega embaixo do braço.
Joel foi boleiro durante aproximadamente 15 anos nas décadas de 60 e 70. Consta de seu currículo quatro títulos estaduais na passagem pelo América de Natal (RN) e dois quando defendia o Vasco. Nem por isso faz jus à inclusão de seu nome na galeria de ídolos. Realista, confessou ao apresentador de televisão Jô Soares que foi um zagueiro lento e sofria com os atacantes. Saudosistas o identificaram como jogador viril e lembraram de um entrevero quando ele marcou Pelé. Irritado com as botinadas, o atacante santista derrubou Joel com cotovelada, pediu que se levantasse, e avisou que “quem gosta de bater tem que aprender a apanhar”. Claro que teve troco na primeira oportunidade.
A rigor, não se pode dizer que Joel tenha sido titular absoluto ao longo da carreira. No título do Campeonato Carioca do Vasco de 1970, sequer apareceu na foto. A vitória histórica sobre o Botafogo por 2 a 1, no Estádio do Maracanã, significou a interrupção de jejum de títulos de 12 anos. Élbua de Pádua Lima, o Tim, técnico vascaíno na época, escalou a dupla de zaga com Renê e Moacir, num time formado por Andrade; Fidélis, Renê, Moacir e Eberval; Alcir e Bugle; Luís Carlos, Ferreira, Silva (Valfrido) e Gilson Nunes. No primeiro turno daquela competição Joel atuou apenas nas primeiras partidas contra Bonsucesso e Madureira.
Quatro anos depois o Vasco comemorou o título do Campeonato Brasileiro com Joel Santana novamente fora do time, bastante modificado: Andrade; Fidélis, Moisés, Miguel e Alfinete; Alcir e Carlos Alberto Zanata; Jorginho Carvoeiro, Ademir, Roberto Dinamite e Luís Carlos. O jogo da final contra o Cruzeiro foi igualmente no Estádio do Maracanã, com 112.933 espectadores. O volante Alcir Portela morreu no dia 29 de agosto de 2008, vítima de câncer.
Como treinador, Joel repassou dezenas de clubes no Brasil e exterior. Tem mercado consolidado no futebol asiático e treinou a Seleção da África do Sul até pouco antes da Copa do Mundo de 2010. Foi lá que acabou ironizado por causa de seu derrapante inglês.
Joel é tido como ‘rei do Rio’ por causa de títulos conquistados no comando de Botafogo, Flamengo, Vasco e Fluminense. Tem fama de recuperar equipes ‘caindo pelas tabelas’ pelo trabalho, carisma e confiança que transmite ao grupo. Na concentração não dorme antes de percorrer os quartos e desejar boa noite à boleirada.

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