segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ferroadas em palmeirenses

Com o aparecimento das torcidas organizadas na década de 70, começou a crescer os conflitos entre torcedores adversários. Os visitantes, geralmente em número inferior, levavam desvantagem nas brigas de braços, pernas, pedaços de paus e pedradas. Aí, quem apanhava prometia e cumpria desforra no jogo da volta, quando seu time era mandante.
A rivalidade fora de campo entre Ponte Preta e Palmeiras era maior do que no confronto entre palmeirenses e lusos. Como o público nos estádios totalizava quase o dobro se comparado à média atual, a segurança fugia do controle do policiamento, principalmente pós jogo nas imediações dos estádios.
Em julho de 1977, com o Estádio Moisés Lucarelli interditado por 30 dias pelo TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) da FPF (Federação Paulista de Futebol), o jeito foi a Ponte Preta alugar o estádio do rival Guarani, o Brinco de Ouro, para mando dos jogos contra Palmeiras e São Bento.
A vitória do Palmeiras por 4 a 3 foi marcada por gol em posição de impedimento do polivalente Jair Gonçalves, e principalmente pelas ferroadas de abelhas em dezenas de palmeirenses concentrados na cabeceira norte, a de entrada do estádio.
Um torcedor pontepretano se vingou literalmente. Arquitetou um plano de transportar uma colméia em caixa de isopor, driblou a vigilância de portaria passando-se por sorveteiro, e levou a tal caixa aos últimos degraus do lance de arquibancada. Lá, descaradamente, pediu a torcedores que vigiassem seu isopor, com desculpa que sairia a procura de troco.
Curiosos de plantão esperaram o ‘sorveteiro de araque’ desaparecer na multidão para destaparem o isopor. Aí, o plano de surrupiar picolé saiu pela culatra. Depararam com furiosas abelhas que, ao sobrevoarem o local, deixaram nas vítimas as marcas do ferrão.
O consolo do palmeirense foi ver seu time vencer. Com três gols de Dicá a Ponte empatava em 3 a 3 até que Jair Gonçalves marcou o quarto gol do Verdão. Os outros foram anotados por Toninho Catarina (2) e Edu Bala.
A Ponte jogou desfalcada do goleiro Carlos, dupla de zaga formada por Oscar e Polosi, e atacante Rui Rei. O técnico Zé Duarte, já falecido, escalou Rafael: Jair Picerni, Eugênio, Élcio e Odirlei; Wanderlei Paiva, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio (Wilsinho), Parraga e Tuta.
No Palmeiras atuaram Bernardinho; Romerito, Beto Fuscão, Mario Sotto e Zeca; Pires, Ademir da Guia e Jorge Mendonça; Edu Bala, Toninho e Vasconcelos (Jair Gonçalves).
Na época as competições regionais eram prioritárias no calendário anual brasileiro. O Paulistão de 1977, com 19 clubes, começou no dia 6 de fevereiro e se estendeu até 13 de outubro, quando o Corinthians quebrou um jejum de título de 23 anos, ao ganhar da Ponte por 1 a 0, gol de Basílio, na terceira e decisiva partida. Todavia, o recorde de público no Estádio do Morumbi foi registrado no segundo jogo daquela final: 138.806 pagantes e 8.058 menores credenciados. O público total foi de 146.864 espectadores.

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