segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Adeus a Waldemar Carabina

Há três anos a coluna cumpriu a sua missão de homenagear, em vida, o zagueiro Waldemar Carabina. No começo da noite do dia 22 de agosto, aos 78 anos de idade, quis o destino que ele reforçasse a seleção do céu. Morreu em decorrência do Mal de Alzheimer, e nada mais justo que a recapitulação de seu histórico.
Saudosistas dizem incansavelmente que o quarto-zagueiro Aldemar, do Palmeiras, foi o melhor marcador de Pelé. Estilo clássico, costumava tomar a bola do adversário sem fazer faltas. Morreu atropelado em Recife, em 1977.
Waldemar Carabina valia-se da força física para se prevalecer. Chegava junto nas divididas, e raramente levava desvantagem. Impunha-se também no jogo aéreo. No Palmeiras, passou da zaga central à quarta zaga com a chegada de Djalma Dias, em 1963. E gabou-se de ter anulado Pelé em algumas partidas: "Poucos o marcaram tão bem quanto eu".
Carabina entrou para a história do Palmeiras como o quinto jogador que mais vestiu a camisa do clube: 581 jogos, superado apenas por Ademir da Guia (901), Leão (617), Dudu (609) e Valdemar Fiúme (601). Assim, escreveu uma história de 12 anos no Verdão, marcada por 333 vitórias, 116 empates, 135 derrotas e nove gols. Fez parte do memorável time de 1959 que sagrou-se campeão paulista na final contra o Santos. Eis os campeões: Valdir Joaquim de Moraes; Djalma Santos, Waldemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho, Nardo, Américo Murolo e Romeiro.
Foram três jogos extras para decisão do título, com empates nos dois primeiros - 1 a 1 e 2 a 2 - e vitória palmeirense, de virada, por 2 a 1, na derradeira partida, no Estádio do Pacaembu, com 45 mil pagantes. O grande Santos tinha Laércio; Getúlio, Formiga, Dalmo e Feijó; Zito e Urubatão; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Detalhe: naquela época a bola era marrom.
Outra saborosa experiência para o vigoroso Carabina foi em 1963, quando um time parcialmente modificado conquistou novamente o título paulista, formado por Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Waldemar Carabina e Vicente Arenari; Zequinha e Ademir da Guia; Gildo, Servilio, Vavá e Rinaldo. Depois vieram o lateral-esquerdo Ferrari, quarto zagueiro Minuca, volante Dudu e atacantes Tupãzinho e Ademar Pantera, com a formação de um grupo que eternizou a academia palmeirense.
Carabina encerrou a carreira no Comercial de Ribeirão Preto. Foi lá, também, o início na função de treinador, marcada por significativo período em clubes de Norte e Nordeste até 2004. O Palmeiras lhe deu a chance de comandar a equipe em 1988 na Copa União e Campeonato Paulista, com trabalho aceitável. No São José, em 1989, fazia campanha razoável até que os intolerantes cartolas decidiram demiti-lo após quatro empates consecutivos. Na seqüência, o time joseense chegou à final do Paulistão e perdeu o título na disputa com o São Paulo, já com Ademir Mello no comando técnico.
Nas andanças por Recife, o site esportivo Pernambola revela um fato curioso no vaivém de Carabina pelo Santa Cruz. Após uma partida, no vestiário, o repórter Dalvison Nogueira esbarrou sem querer no treinador que, irado, explodiu: - Você tá cego, rapaz!
Quando o repórter explicou que não enxergava de um olho, justificou que era um olho de vidro adaptado, Carabina, envergonhado, não se cansou de pedir desculpas.

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