domingo, 23 de novembro de 2025

Ataliba, ponteiro-direito de Juventus e Corinthians

O atual estilo de jogo de clubes brasileiros de se fecharem na defesa, quando atacados, já era aplicado pelo Juventus da capital paulista na década de 70 do século passado. Naquela época sobravam críticas decorrentes do esquema adotado, quando priorizava jogadas de velocidade em contra-ataques, naquilo que se convencionava citar jogaf por uma bola.

E o atacante encarregado daquela atribuição era o ponteiro-direito Ataliba, que na maioria das vezes construía e completada as jogadas, ocasionando as chamadas zebras inimagináveis no meio esportivo, princialmente em jogos contra o Corinthians, que o contratou em 1982, paradoxalmente clube que o reprovou em treinos-peneiras nas categorias de base, em 1969.

Foi quando o futebol varzeano o acolheu e permitiu que ganhasse notoriedade, tanto que o Juvetus tratou de buscá-lo sem que fosse aproveitado de imediato na equipe principal. Assim, foi ganhar experiência nos empréstimos na Esportiva Guaratinguetá, Catanduvense e Rio Claro.

No retorno, o então treinador Candinho o remanejou de função, trocando a meia-direita para ponteiro. E aquele rendimento bem superior despertou interesse do Corinthians, que o contratou, ocasião que confessou sempre dar sorte quando o enfrentava. “Eu já era corintiano desde criança e tinha que dar o meu melhor. Fazia gols contra o Santos, contra o São Paulo, mas contra o Corinthians... Ah, o Corinthians. É o nome, né? Dá status”.

Aquela época o clube tinha o bordão de 'Democracia Corintiana', e ele teve participação decisiva na conquista do título estadual de 1982, na finalissima contra o São Paulo, no Estádio do Morumbi. quando foi autor de jogada genial que resultou no gol de Casagrande, o terceiro na vitória por 3 a 1.

No ano seguinte confessou nunca ter passado tanto frio como na excursão do clube ao Japão. E no Tomão permaneceu até 1984, transferindo-se ao Santos, onde encontrou com o ponteiro-esquerdo João Paulo, então um desafeto com transformação em amizade. Outro caso de inimizade revertida foi com o saudoso quarto-zagueiro Pinheirense, da Ferroviária de Araraquara. “Ele era muito violento”.

Depois do Santos, Ataliba jogou no Santa Cruz e perambulou por times do Nordeste e interior paulista. Bem humorado, diz que foi um dos grandes atacantes do futebol brasileiro. "Sempre era o melhor em campo", diz Ataliba, entre risos.


domingo, 16 de novembro de 2025

Zagueiro Fernando Narigudo não se incomodava com o apelido


É praxe a ocupação deste espaço para reverenciar craques do passado, mas há circunstâncias de curiosidades que convém lembrá-las aqui. Outrora não havia constrangimento chamar jogadores pelos apelidos, por mais insultantes que pudessem ser caracterizados. A partir da década de 90 do século passado, homens ligados à veículos de comunicação que se atrevessem a assim citá-los eram advertidos por treinadores e cartolas de clubes.

Século passado, nos anos 60, veio do Santos para o Guarani o lateral-direito Cido Jacaré. A rigor, o clube parecia predestinado ao convívio com atletas de tinham apelidos, pois isso também ocorreu com o lateral Mauro Cabeção, ambos falecidos. Em 1980, o clube recebeu do Gama de Brasília o meia-atacante Ernani Banana, com passagem seguinte pela Portuguesa.

Insere-se no contexto o saudoso volante Gilmar Fubá, que foi campeão mundial pelo Corinthians em 2000. Tanto a Lusa como o Inter (RS) contaram com atletas diferentes apelidados de Pinga. E o atacante Flávio Caça Rato não se insultava quando assim era identificado nas passagens por Santa Cruz (PE), Guarani e Remo (PA).

Logo, com tantos exemplos, por que o quarto-zagueiro Fernando Narigudo iria se incomodar quando assim o chamavam. Formado nas categorias de base do Comercial de Ribeirão Preto e revelado em 1974, ele foi contratado pelo Santos na temporada seguinte, com participação no título paulista de 1978. Aquele elenco foi batizado de 'Meninos da Vila', sob o comando do treinador Chico Formiga, já falecido.

E lá permaneceu por quatro anos, quando se caracterizou como aceitável marcador, sabia se impor no jogo aéreo, e mesmo sem técnica apurada sabia fazer o simples na saída de bola da defesa.

Do Santos, passou por Londrina, Náutico e Marília, até que em 1986 integrou o elenco do Guarani vice-campeão brasileiro, na reserva de Ricardo Rocha. Depois, esteve vinculado ao Atlhetico-PR, União São João, Nacional (SP), Grêmio Sãocarlense, Bandeirante, Paraguaçuense e encerrou a carreira na Matonense, em 1992.

Incontinenti, Fernando Guisini Neto, que em março passado completou 71 anos de idade, decidiu ingressar na carreira de treinador, no mesmo clube, intercalando passagens na categoria Sub-20 e profissional no interior paulista, como Taquaritinga, Marília, Joseense, Paraguaçuense, Flamengo de Pirajuí e Náutico de Roraima.


domingo, 9 de novembro de 2025

Leonardo, mais um lateral-esquerdo que virou meia

 

Aquele Leonardo lateral-esquerdo do Flamengo, São Paulo, Seleção Brasileira e futebol europeu é mais um dos exemplos daqueles atletas que esbanjavam técnica na posição e foram remanejados à função de meia-de-armação. Lógico que neste quesito o atleta de mais notoriedade foi Júnior, que começou e encerrou a carreira no Flamengo. E a mudança de posição ocorreu na passagem pelo Torino (ITA), quando fez a exigência.

A lista da transformação de laterais-esquerdos em meias passa pelo outro Júnior, com carreira no São Paulo, Palmeiras, e nova experiência a partir de 2009 no Atlético Mineiro. O mesmo ocorreu com Zé Roberto, inicialmente defensor na Portuguesa, porém com postura mais adiantada no futebol alemão, depois Grêmio e Palmeiras até os 43 anos de idade.

Felipe, que começou a história no Vasco em 1996, lá mesmo foi transformado em meia, e ratificou o estilo na Roma (ITA). E um caso que muitos desconhecem é o de Éverton Ribeiro, que nos primeiros anos de Corinthians foi lateral-esquerdo. Resolveram adiantá-lo como atacante de beirada no São Caetano, mas foi no Coritiba que descobriram a real posição dele de organizador de jogadas, por dentro.

Leonardo Nascimento de Araújo, natural de Niterói (RJ), que completou 56 anos de idade em setembro passado, teve carreira iniciada no Flamengo em 1987 e encerrada na temporada 2002/2003 no Milan (ITA), com passagens anteriores no Valência, Paris Saint-Germain e Kashima Antlers do Japão, e principalmente o São Paulo por três vezes, onde foi fixado como meia-esquerda na conquista da Libertadores da América de 1993, e campeão mundial no Japão, no final do mesmo ano, marcando muitos gols.

Quando foi medalhista no tetracampeonato da Seleção Brasileira na Copa do Mundo dos Estados Unidos em 1994, atuou como lateral-esquerdo, deixando Branco na reserva, até que, ao desferir cotovelada no jogador Tab Ramos, dos Estados Unidos, foi expulso, cumpriu suspensão e aí perdeu a posição de titular.

Quatro anos depois, no Mundial da França, ele atuou como meia-esquerda no selecionado, ficando a lateral para Roberto Carlos, ocasião que o Brasil foi vice-campeão, ao perder para a França, de Zidane, por 3 a 0.

Em 2003 passou a intercalar os cargos de diretor de futebol e treinador em clubes como Paris Saint-Germain da França, Antalyaspor da Turquia, Milan e Internazionale da Itália.



domingo, 2 de novembro de 2025

Outubro assado marcou dez anos da morte do goleiro Barbosinha, do Corinthians

 O dia 20 de outubro passado marcou o décimo ano da morte do goleiro Barbosinha, na capital paulista, vítima de câncer, aos 74 anos de idade. Ele teve passagem pelo Corinthians basicamente em 1967, quando foi acusado de ter sido responsável direto na derrota para o Palmeiras por 2 a 0, no dia 17 de novembro daquela temporada, no Estádio do Pacaembu.

Ele foi acusado diretamente pelo saudoso presidente Wadih Helu de culpa nos dois gols de faltas marcados pelo atacante palmeirense Tupãzinho, também falecido, o que provocou revolta de corintianos membros da torcida organizada Gaviões da Fiel, ocasião que Wadih cumpria mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo, inicialmente eleito pela Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido político atrelado do governo federal no período da ditadura militar.

Barbosinha surgiu no Corinthians após fases de instabilidade dos goleiros Mário, Heitor, Cabeção e Marcial em 1966. Na prática, ele nunca se firmou como titular, alternando-se na meta com Marcial. Por isso, segundo o almanaque do clube, totalizou apenas 34 jogos com a camisa corintiana, um dos últimos deles naquela fatídica derrota para o Verdão,

Barbosinha esteve longe de ser o goleiro ideal para o Corinthians, embora rotulado de ‘Nego Gato’, apelido parodiando título de música do cantor Roberto Carlos. Na época, ele era mais citado pelos saltos e semelhança física com o goleiro Barbosa da Seleção Brasileira, na Copa do Mundo de 1950, culpado pelos gols sofridos e marginalizado pela perda do título no Estádio do Maracanã, com a derrota para o Uruguai por 2 a 1.

Na temporada de 1967, o time do Corinthians mandava jogos no Estádio Alfredo Schurig, o Parque São Jorge, comandado pelo saudoso treinador Zezé Moreira, e formado por Barbosinha (Marcial); Galhardo (Jair Marinho), Ditão, Clóvis e Maciel; Dino Sani e Rivellino; Bataglia, Nair, Flávio e Gilson Porto.

Com espaço encurtado no Corinthians, Barbosinha seguiu trajetória no Athetico Paranaense, que havia montado time de medalhões, entre eles o lateral-direito Djalma Santos, zagueiro Belini, volante Zequinha e ponteiro-direito Gildo. Depois, antes de encerrar a carreira, passou discretamente pelo Tiradentes do Piauí, e voltou para São Paulo, onde se aposentou exercendo a função de fiscal da prefeitura, com o crachá indicando o nome de Lourival de Almeida Filho.