segunda-feira, 8 de março de 2021

Lelé, o canhão de São Januário

Imaginem alguém no futebol cujo chute tenha potência superior ao ex-lateral-esquerdo Roberto Carlos, campeão mundial pela Seleção Brasileira em 2002? Pois esse alguém foi Manoel Peçanha, o Lelé, que participou do Expresso da Vitória do Vasco, no final da década de 40, quando integrava o trio 'três patetas', em companhia de Isaias e Jair da Rosa Pinto.

Lelé inspirou compositores de marchas carnavalescas e foi tema de música nos tempos de futebol carioca. Era bajuladíssimo por desportistas e imprensa, mas a exemplo de tantos outros morreu no ostracismo em Campinas (SP), no dia 16 de agosto de 2003, quando foi citado apenas em seção de necrologia de jornais.

Coisa típica da nova geração de jornalistas, avessa à história de ídolos do passado. Lelé viveu período de ouro do Vasco nos anos 40, que resultou no apelido de 'Canhão de São Januário', por ter sido decisivo em incontáveis vitórias do clube, mesmo sem repertório de driblador ou velocista. Sabia tocar a bola e se destacava pelo chute fortíssimo e certeiro.

Cobranças de faltas na 'pancada', com a perna direita, amedrontavam quem ficava na barreira, que procurava se proteger com uma mão na cabeça e outra no órgão genital, de medo da bolada. E como cobrador oficial de pênaltis, nas passagens por Madureira (RJ), Vasco, São Paulo e Ponte Preta; não perdeu um deles sequer nos 18 anos de carreira, sempre no canto direito, a meia altura.

Lelé não tinha a mesma força do incomparável ponteiro-esquerdo Pepe, do Santos, pra bater na bola mas se igualava ao zagueiro Martinelli, do Paulista de Jundiaí (SP) e lateral-esquerdo Carlucci, do Botafogo (SP), que tiveram tiveram períodos áureos nos anos 60. Martinelli batia tiro de meta e fazia a bola atravessar o campo. Carlucci raramente passava três jogos sem fazer gol de falta, porque aliava pontaria à força do chute. A exemplo dos ex-laterais Nelinho e Roberto Carlos, Lelé mostrava chute chute forte com incrível efeito. Na gíria do futebol, pegava de ‘calo’ ou três dedos na bola.

Lelé e cinco outros jogadores do Vasco vieram para a Ponte Preta no início dos anos 50, numa troca pelo atacante Sabará. Natural de Campos de Goytacazes, nascido em 23 de fevereiro de 1918, ele passou pela Seleção Brasileira durante cinco anos, jogou no São Paulo, mas encerrou a carreira na Ponte, optando por fixar residência em Campinas.

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