domingo, 21 de março de 2021

Gilmar Fubá perdeu a batalha contra o câncer

Setoristas de clubes habituados ao trivial da informação, que noticiam basicamente aquilo que cai no 'colo', deveriam refletir como se constrói reportagens diferenciadas a partir de observação. Foi o que fez o saudoso jornalista Zé Batista, do então jornal impresso Diário Popular, quando se dispôs a descobrir os segredos da força física do volante Gilmar, do Corinthians.

Conversa vai, conversa vem, Gilmar confessou-lhe que a força física advinha da infância, quando a mãe dele temperava farinha de fubá mimoso no leite da mamadeira. Foi o bastante para o criativo repórter recriar ambiente de fotos que valorizassem a primeira página do jornal, com Gilmar, no colo da mãe, sugando o mingau.

Está esclarecido, portanto, o motivo do apelido Fubá. Naquela matéria, Gilmar confessou a infância de pobreza e a crença de que aquele alimento se transformaria em força proteica para desenvolver porte físico avantajado e fôlego invejável, colocado em prática posteriormente com a camisa do Corinthians. Assim, a trajetória no clube, estendida de 1995 a 2000, foi compensada com três títulos do Campeonato Paulista, dois do Brasileiros e um Mundial de Clubes. Naquele período - nem sempre titular - participou de 131 partidas. E quando pendurou as chuteiras chegou a trabalhar nas categorias de base do clube.

O paulistano Gilmar de Lima Nascimento morreu neste 15 de março aos 45 anos de idade, vítima de mieloma múltiplo, um tipo de câncer de medula óssea descoberto após ter se submetido a biópsia de caroços que apareceram em seu corpo em 2017, com regressão durante o tratamento.

O transplante de medula realizado deu expectativa de cura e motivou felicitações de amigos e até uma festa feita pelo Corinthians, com bolos e balões para comemoração.

Todavia, o destino tratou de levá-lo, tirando aquela natural alegria que transmitia na roda de amigos, principalmente aqueles dos tempo de Corinthians. Assim, restou a lembrança daquele jogador de espírito guerreiro, que prosseguiu a carreira intercalando passagens até o futebol do exterior a pequenos do interior paulista.

Se um dia estava no Schalke 04 da Alemanha, no outro Rio Branco de Americana. Se Fluminense, Ulsan Hyndai da Coreia do Sul e Al-Alli do Catar ofereceram-lhe bons contratos, em seguida enquadramento nos baixos salários do Noroeste de Bauru.



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