domingo, 28 de março de 2021

Barbosa, 50 anos como ‘bode expiatório’

 Sete de abril de 2000 foi a data em que terminou o calvário do então goleiro Moacir Barbosa Nascimento, identificado como Barbosa. E só terminou porque naquele dia foi sepultado na cidade de Praia Grande, litoral sul de São Paulo, onde vivia com uma filha adotiva. Ele nasceu em Campinas, em março de 1921, e tentou ser ponteiro-esquerdo do extinto Comercial da capital paulista, porém sem sucesso.

Barbosa foi o goleiro da Seleção Brasileira na derrota para o Uruguai por 2 a 1, na final daquele 16 de junho da Copa do Mundo de 1950, disputada no Estádio do Maracanã, com superlotação de 200 mil pessoas entre pagantes e penetras. Se bastava um empate para o Brasil sagrar-se campeão, melhor ainda quando Friaça abriu o placar. Só que os aguerridos uruguaios empataram através de Juan Alberto Schiaffino e viraram com o ponteiro-direito Alcides Ghiggia.

Por causa daquele gol Barbosa fez o Brasil chorar e passou a vida inteira tendo que explicar porque não evitou bola tida como defensável. Ghiggia foi lançado nas costas do zagueiro Bigode e, sem ângulo, finalizou, ocasião em que Barbosa esperava o cruzamento, e acabou traído com a bola entrando entre ele e o poste esquerdo.

Aquela derrota ficou conhecida como Maracanazo e Barbosa o ‘bode expiatório’. Ele jamais poderia supor eterna condenação por causa daquela falha. Desconsideram sua elasticidade, boa colocação e ter sido o inventor da defesa de mão trocada, mas para vascaínos foi considerado o melhor goleiro da história do clube. O pênalti defendido na cobrança do argentino Labruna, do River Plate, na final do Campeonato Sul-Americano de Clubes em 1948, ainda é lembrado. Aquele empate sem gol deu o título ao clube cruzmaltino que tinha essa formação: Barbosa; Augusto e Rafanelli; Danilo, Jorge e Eli; Djalma, Maneco, Friaça, Lelé e Chico.

A história de Barbosa esteve intrinsecamente ligada ao Vasco. O início deu-se em 1945 e se prolongou por dez anos, com 494 partidas, período em que o clube ficou conhecido como ‘Expresso da Vitória’.

Em 1953 nova amargura: sofreu fratura de tíbia e perônio num choque com Zezinho do Botafogo, mas a carreira se estendeu até os 42 anos de idade, com passagens ainda por Santa Cruz, Bonsucesso e Campo Grande, nos tempos em que goleiro usava joelheira e cotoveleira, porque saltava sobre areia.


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