domingo, 17 de janeiro de 2021

Tim, de driblador a treinador estrategista

Saudoso Élba de Pádua Lima, o Tim, foi uma lenda no futebol brasileiro. Marcou época, nos anos 30 e 40 do século passado, como driblador cheio de ginga, e dizia ter prazer de apavorar os seus marcadores. Aliava o drible desconcertante à visão de jogo, assim como fazia os seus golzinhos. Ele jogou nos principais clubes do Rio de Janeiro e Seleção Brasileira.

Em 1936 foi campeão do Sul-Americano realizado em Buenos Aires, quando a mídia Argentina o apelidou de 'El Peon'. Na Copa do Mundo de 1938, na França, participou apenas do jogo contra os checos, pois o técnico Ademar Pimenta preferiu escalar a ala esquerda formada por Perácio e Patesko, por causa da fama de Tim de farrista, que pulava janelas de hotéis para fugir de concentração. O melhor momento dele como atleta foi no tricampeonato carioca do Fluminense de 1936 a 38.

Tim passou pelo São Paulo antes de encerrar a carreira no Olaria (RJ), onde conciliou as funções de atleta-treinador, até se fixar na nova função. Aí, expunha a sua tática com uso de mesa de jogo de botões, e mostrava o devido posicionamento dos jogadores. Por isso foi considerado um dos maiores estrategistas no comando de grandes equipes do futebol brasileiro. No exterior, comandou o San Lorenzo da Argentina e seleção peruana na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

Na passagem pelo Coritiba, teve sabedoria para administrar frequentes atrasos do polêmico e saudoso atacante Zé Roberto. Questionado pela imprensa sobre indisciplina do então jogador, ironicamente respondeu: “Zé Roberto, craque do meu time atrasado? Vocês estão enganados. Esses outros apressadinhos [referência aos demais jogadores] que chegaram cedo demais para trabalhar”.

Certa ocasião, durante treino-peneira, um rapaz lhe disse que não bebe, não fuma e nem farreia. Tim mirou no postulante à vaga e debochou. “Pois aqui vai aprender a fazer tudo isso”. O treinador intercalou passagens em agremiações do interior paulista como São José, Guarani, Ponte Preta e Inter de Limeira.

Nascido em fevereiro de 1916, em Ribeirão Preto (SP), começou a carreira de atleta como meia-esquerda do Botafogo, em 1931, e três anos depois transferiu-se à Portuguesa Santista. Além da bola, dizem ter sido um excelente cozinheiro, que caprichava na panelada de dobradinha. Ele morreu no Rio de Janeiro em sete de brail de 1984.

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