segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Adeus ao artilheiro Bira Burro

Após travar luta contra um câncer de fígado, morreu no último 14 de setembro o amaparense Ubiratã Silva do Espírito Santo, aos 65 anos de idade, transformado no futebol em Bira Burro. Ele fez parte daquela escola de centroavantes cobrados apenas para empurrar a bola à rede, independentemente de qualidade técnica. Pois o raçudo, trombador e corpulento Bira Burro tinha identificação com o gol.

Como o futebol é um mundo a parte, Bira Burro não só consentia a divulgação do apelido como zombava dele, ao justificar a origem em entrevista à Rádio Gaúcha de Porto Alegre, em 1979. “Ganhei este lindo nome porque escolhi vir para o Inter (RS) e não para o Flamengo. O Mengo tinha Zico, Adílio, Tita, Junior, mas eu queria jogar com Falcão, Mário Sérgio e Valdomiro. Aí os caras começaram a me chamar de Bira Burro”.

Naquela década, o Inter priorizava centroavantes rompedores do tipo Claudiomiro, Flávio Minuano e Dadá Maravilha. E trouxe Bira Burro pelo histórico de artilheiro na passagem pelo Remo, quando marcou cinco gols na goleada por 5 a 1 sobre o Guarani em 1978, e atingiu marca inigualável de 32 gols em edições do Campeonato Paraense, na temporada de 1979, ocasião em que teria surgido outra versão para se incorporar o formato da palavra burro como adjetivo, ao citar o desejo de chegar a Roma (ITA) “para ver a loba que amamentou Romeu e Julieta”.

Tivesse nascido décadas depois e com nível de escolaridade da boleirada de hoje, de certo Bira Burro teria se mirado em publicação como do site conjur.com.br, datada de janeiro de 2008, que discorreu sobre o tema em que empregado chamado de burro pelo patrão tem direito a indenização.

O texto reproduz entendimento do juiz Denílson Bandeira Coelho, da 4ª Vara do Trabalho do Distrito Federal, que havia determinado ao Sindjus-DF (Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário no Distrito Federal) pagamento de R$ 70 mil de indenização por assédio moral para um auxiliar de divulgação chamado de 'burro e incompetente' pela chefe.

Como o negócio de Bira era comemorar gols, isso ocorreu no Paysandu, Remo, Inter (RS), Atlético Mineiro, Náutico, Chivas Guadalajara (MEX), Juventus (SP), Novo Hamburgo e Aimoré, ambos no Rio Grande do Sul, até se aposentar no Remo em 1988. Depois ingressou na função de treinador, assumiu os rivais Paysandu e Remo, porém sem o mesmo destaque dos tempos de atleta.


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