domingo, 4 de outubro de 2020

Morre Silva, o 'batuta' que regia a orquestra do Flamengo

 

A morte do centroavante Silva Batuta no último dia 30 de setembro remete à reflexão de como brotavam irmãos jogadores de futebol décadas passadas. Tão cabeceador quanto ele foi o seu mano Wanderley, que passou por Corinthians e Guarani, e morreu quando estava em campo atuando pelo Operário de Campo Grande (MS), em 1973.

Por que o apelido Batuta? Numa excursão do Flamengo à Argentina, com vitória sobre a seleção local, Silva foi considerado o maestro do time. Logo, em referência à vareta com que os regentes conduzem a orquestra, surgiu o apelido.

Paulista de Ribeirão Preto, 80 anos de idade, Walter Machado da Silva estava internado no hospital Pró-Cardíaco, na zona sul da capital fluminense, onde morreu, deixando o histórico de ídolo no Corinthians nos primeiros anos da década de 60, mas foi no Flamengo que o seu futebol ganhou repercussão nacional, ao conquistar título do Campeonato Carioca e ter histórico de 70 gols em 132 partidas em duas passagens, intermediadas por vínculo ao Santos, quando fez dupla de área com Pelé em 1967.

Silva Batuta foi atacante extremamente técnico, com capacidade de dribles, tabelinhas, cabeceador e sobretudo artilheiro. Essas virtudes o credenciaram a integrar o selecionado brasileiro na Copa do Mundo da Inglaterra em 1966, e despertar interesse do Barcelona da Espanha, que o contratou, mas ele ficou pouco tempo por lá em decorrência da dificuldade de adaptação e reclamação de preconceito racial.

Apesar disso admitiu passagem pelo Racing da Argentina e se destacou como um dos principais artilheiros daquele campeonato nacional. Ele ainda jogou no Botafogo (RJ) e Vasco. Em 1970 ajudou o clube a encerrar tabu de 12 anos sem título estadual e integrou o elenco campeão brasileiro de 1974. Todavia, no ano anterior participou do Campeonato Brasileiro pelo Rio Negro (AM). Últimos clubes foram Barranquila Junior da Colômbia e Tiqueres Flores da Venezuela.

Quando do término da carreira de atleta, continuou ligado ao Flamengo em diferentes funções, a última delas no setor de eventos do clube, apesar de diplomado pela faculdade de Direito no Rio de Janeiro. E embora torcesse pelo sucesso do filho Wallace no futebol, o também atacante não decolou, após passagens por Bangu (RJ), América de Rio Preto (SP), Nacional (AM), Rio Branco (ES) e Anapolina (GO).


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