domingo, 12 de janeiro de 2020

Adeus a Valdir de Morais, goleiro de 1,70m de altura


 Mídia esportiva de décadas passada era menos crítica e mais ufanista. Tinha olhos para realçar virtudes de boleiros e posicionamento discreto aos defeitos. Assim, no bojo do procedimento dos homens de comunicação, o goleiro Valdir Joaquim de Morais entrou para a história com um dos principais da posição de todos os tempos de Palmeiras, entre as décadas de 50 e 60.

 Ele é o foco em questão porque morreu neste 11 de janeiro aos 88 anos de idade, vítima de falência múltipla dos órgãos. Após o AVC sofrido em 2016, ele ainda foi vitimado por fratura no fêmur. Portanto, a família enlutada recebeu condolência de clubes como São Paulo e Corinthians, além do Palmeiras, por ter atuado como preparador de goleiros, função em que foi pioneiro no país em 1973, época em que os clubes raramente admitiam goleiros baixinhos como ele, de 1,70m de altura, e o saudoso argentino José Poy, do São Paulo dois centímetros a mais.

 Que Valdir tinha elasticidade, reflexo e posicionamento invejável, não se questiona. Todavia, como ter confiança para sair da meta socando a bola como o seu pupilo Marcos, nos tempos de Palmeiras? Como esperar que o braço curto de Valdir chegasse à bola para defesas como goleiros da safra acima de 1,90m de altura?

 Nos anos 50 elasticidade contava favoravelmente a goleiros. Por isso o Palmeiras foi buscá-lo no Rener de Porto Alegre em 1958, para que na temporada seguinte sagrasse campeão paulista neste time: Valdir; Djalma Santos, Waldemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho Botelho, Américo Murolo, Romeiro e Nardo.

 Quatro anos depois, quando o Palmeiras voltou a conquistar título do Paulistão, Valdir sequer ocupou a meta na derradeira partida diante do Noroeste, na goleada por 3 a 0, num time modificado: Picasso; Djalma Santos, Djalma Dias, Waldemar Carabina e Vicente Arenari; Zequinha e Ademir da Guia; Julinho Botelho, Servilho, Vavá e Gildo.

 O último momento gratificante como atleta foi ter integrado o time que três anos depois voltou a conquistar tútulo do Paulistão, na goleada sobre o Comercial por 5 a 1, em Ribeirão Preto: Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Minuca e Ferrari; Zequinha e Ademir da Guia; Gallardo, Servilho, Ademar Pantera e Rinaldo.

 Também neste janeiro foi registrada a morte de Luís Moraes, o goleiro Cabeção do Corinthians, nos anos 50 e 60, maior parte como reserva.


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