O
28 de novembro passado marcou o terceiro ano da morte de Mário
Sérgio Pontes de Paiva, o Vesgo, no acidente de avião que vitimou a
delegação da Chapecoense, na Colômbia. Morreu aquele que, enquanto
boleiro, olhava para um lado e tocava a bola para o outro. Aquele
que, enquanto treinador, não paparicava boleiro. No seu time tinha
camisa apenas aqueles que cumpriam regiamente as determinações.
Como
comentarista de televisão, não tinha papas na língua. Como
‘sacava’ futebol como poucos, falava aquilo que pensava. Em 1994 corajosamente falou que a Seleção Brasileira entrava em campo com
dez jogadores pelo fato de o volante Dunga ter sido escalado. Dizia
que o então atleta já não tinha vigor físico para desarme,
enquanto no aspecto técnico citava frequentemente sobre as
limitações.
Exagero
ou não, Dunga levantou o caneco como capitão do Brasil naquela Copa
do Mundo nos Estados Unidos. Nem por isso Mário Sérgio diminuiu a
capacidade de observação sobre o ex-volante.
No
Flamengo a partir de 1969, Mário Sérgio já driblava e lançava.
No Vitória da Bahia deixava companheiros na cara do gol e também
fazia os seus golzinhos. E isso se repetiu no Fluminense, Botafogo
(RJ), São Paulo, Inter (RS), Ponte Preta, Grêmio e Palmeiras,
sempre com a camisa 11 e desempenhando a função de falso
ponteiro-esquerdo.
Três
passagens são marcantes na carreira dele. Em 1979, quando jogava no
São Paulo, ganhou apelido de ‘rei do gatilho’. Intolerante e
imprudente, sacou o seu revólver e deu alguns tiros para o alto para
assustar torcedores do São José, no Vale do Paraíba, que se
manifestavam na saída da delegação são-paulina do Estádio
Martins Pereira.
No
Grêmio portoalegrense, trazido pelo treinador Valdir Espinosa, foi
campeão do mundo em 1983 na vitória por 2 a 1 sobre o Hamburgo, no
Japão. No Palmeiras foi flagrado em exame antidoping e ficou
suspenso durante seis meses. Ainda em 1983, contratado pela Ponte
Preta, jogou ao lado dos talentosos Dicá e Jorge Mendonça,
oscilando bastante.
Mário
Sérgio ainda enveredou para a carreira de treinador. Estudioso e
bagagem extraída de conceituados treinadores recomendavam trajetória
igualmente brilhante, mas patinou nas passagens por Corinthians e São
Paulo. O perfil de comandante enérgico não permitiu que prosperasse
na carreira, alongada alternadamente até 2010 no comando do Ceará.
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