O
'embala nenê' do ex-atacante Bebeto - tetracampeão pela Seleção
Brasileira -, em comemoração de gol com bola na barriga, dentro da
camisa, ainda não perdeu a atualidade. Todavia, múltiplas câmaras
de televisão espalhadas ao redor de gramados possibilitam que o
boleiro mande recado de amor e carinho a familiares.
Por
vezes são eles flagrados até sugerindo desenho de coração, como
fazia o atacante Robinho nos tempos de Santos. O que caiu em desuso
nas tais comemorações foi o beijo na aliança, outrora repetido até
em torneio mixuruco, em gesto que supunha-se fidelidade ao cônjuge.
Comemorações
do tipo 'trenzinho', ou quaisquer outras formas praticadas, ganham
'ene' interpretações. Uns acham que neste meio há casos de
boleiros que aproveitam a ocasião para 'desbaratinar', a fim de que
sobre eles não recaiam suspeitas de adultério. Outros citam que o
jogador amadureceu e já não se curva às tentações da Maria
Chuteira, que rodeia campos de futeol e é sedutora.
Seja
como for, é preciso uma viagem ao passado para se motrar o contraste
cultural entre gerações. Antes, quando o boleiro fazia jus à fama
de mulherengo, bastava um olhar insinuante da mulher para que envolvesse rapidamente, indiferente aos conselhos de riscos da
aventura amorosa.
Foram
tempos em que algumas sábias venderam caro as tentações dos
mulherengos. São incontáveis os casos daquelas que arrancaram
carros, apartamentos e dinheiro de boleiros, sem que eles tivessem
percepção de que um dia a encantadora carreira chegaria ao fim e,
concomitantemente, acabariam os prazeres advindos do futebol. Aí, sem
qualquer constrangimento, elas os abandonaram.
Supõem-se
que a nova geração tenha refletido nesses exemplos para não
copiá-los. Entre outros, o saudoso lateral-direito Orlando Lelé,
que jogou em Santos e Vasco, foi preso por não ter pagado pensão
alimentícia à ex-mulher. No passado, na busca por aventura amorosa,
boleiro usava várias mutretas. Há casos de quem enrolava lençois
no formato de um corpo sob cobertor, e com isso enganava supervisor
que fazia ronda nos quartos de concentração.
Há
registro de boleiros espertos que acomodavam amantes no mesmo hotel
em que estavam concentrados. Assim, na calada da noite, davam aquela
escapadinha. De repente, escapada ou não, uma aqui e outra acolá, o
desfecho era gravidez indesejável da acompanhante, e cobrança
posterior de reconhecimento de paternidade.
Pelé,
por exemplo, teve relacionamento amoroso com a doméstica Anízia
Machado em 1963, que resultou no nascimento da saudosa Sandra Regina. Ele
relutou enquanto pôde para reconhecê-la como filha, até que exames
de DNA apontavam resultados positivos e comprovaram que era o
legítimo pai dela, que passou a ser chamada como Sandra Regina
Machado Arantes do Nascimento Felinto. Assim, a Justiça determinou
que fosse herdeira dele.
Boleiros
do passado eram oriundos de famílias pobres e usufruíam da fama
para diversão com mulheres, geralmente em noites recheada de
bebedeiras.
A primeira mudança brutal de comportamento no meio
deu-se nos anos 80, com Baltazar, o artilheiro de Deus, ajudando a
criar o grupo 'Atletas de Cristo'. Hoje,
imagens de televisão, em quaisquer dos Estados, mostram a nova
versão do boleiro na hora do gol. Resta saber, agora, o que vem por
aí.