segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Onze anos sem o caipira Chicão

O décimo primeiro ano da morte de Francisco Jenuíno Avanzi, o volante Chicão, neste oito de outubro, obrigatoriamente tem que ser lembrado. Ele foi um piracicabano que jamais disfarçou o sotaque caipira, carregado no erre. Bem antes de perder a luta travada contra um câncer no esôfago, aos 59 anos de idade, ele havia raspado o vasto bigode.

Quando integrou o selecionado brasileiro na Copa do Mundo de 1978, na Argentina, o saudoso treinador Cláudio Coutinho o chamou às véspera do jogo contra os anfitriões, comunicou-lhe que o escalaria ao lado do gaúcho Batista para reforçar a marcação do meio-de-campo, mas recomendeou-lhe que tomasse cuidado para não ser expulso.

Mal o treinador virou às costas, Chicão confidenciou aos companheiros: “Vou chegar arrepiando e esses gringos vão se encolher”. Na prática, foram poucas entradas intimidadoras sobre adversários. Naquele dia ele jogou muita bola, mas o empate sem gols do Brasil foi insuficiente para classificação, pois ficou em desvantagem no critério saldo de gols, com perda da vaga para os platinos.

Seus amigos contam que décadas passadas ele entrou em uma loja de São Paulo e, ao pagar a conta, tropeçou no preenchimento do cheque ao grafar a palavra sessenta cruzeiros. Detalhe: após preencher o extenso incorretamente duas vezes, optou por assinar dois cheques de trinta cruzeiros para liquidar o assunto.

Engana quem pensa que Chicão só se impunha pelo vigor físico. Tinha bom passe e, após passagem pela Ponte Preta, atuou em grandes clubes. No São Paulo, no título brasileiro sobre o Galo mineiro em 1977, maldosamente pisou na perna quebrada do meia Ângelo (já falecido), só por suspeitar que estivesse fazendo 'cera'. A brutalidade ocorreu após entrada do são-paulino Neco sobre o atleticano, que resultou em fratura.

Um ano, o provocativo volante tentou intimidar o ex-árbitro José Assis de Aragão antes de um clássico com o Palmeiras, e recebeu o cartão amarelo antes mesmo do início da partida. “Cheguei pro Aragão e disse: vê se apita direito essa porcaria”, confessou.

A carreira se arrastou até 1986, aos 37 anos de idade, no Mogi Mirim, após passagem por Santos e Atlético Mineiro. Na tentativa como treinador passou por XV de Piracicaba, Inter de Limeira, Clube Atlético Montenegro e Paranapanema, todos do interior de São Paulo.

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