Se no passado constatava-se incontáveis
exemplos de atletas em que o amor à camisa de seu clube sobrepunha ao dinheiro,
a transformação do futebol em negócio absoluto encorajou o empresário do ramo
Leo Rabello a revelar a realidade: ‘Jogador vê dinheiro. Amor ao clube não
existe. Quem balança a camisa quando faz gol, beija escudo, é hipócrita’.
Pois o paranaense Dirceu Krüger, da era do
futebol romântico, sequer dava bola ao assédio de clubes do eixo Rio-São Paulo
que pretendiam tirá-lo do Coritiba. Convicto, o meia-atacante não precisava de
outras praças para praticar futebol vistoso. Era organizador de jogadas,
arrancava com a bola em velocidade, e caracteriza-se como garçom de
centroavantes.
Krüger morreu neste 25 de abril aos 74 anos de
idade, mais de 50 deles vinculado ao Coritiba como atleta, treinador,
supervisor e uma espécie de faz de tudo. Por ter sido considerado o melhor
jogador do clube de todos os tempos, foi homenageado com estátua
colocada na entrada do Estádio Couto Pereira, em fevereiro de 2016.
Quando foi anunciada a causa morte dele, decorrente de complicações pós-cirurgia de obstrução intestinal, torcedores do ‘coxa’
da velha guarda recordaram 1970, quando acidentalmente o goleiro Leonardo, do
Água Verde, acertou-lhe violenta joelhada na região estomacal, que perfurou-lhe alças intestinais e provocou internação de 70 dias.
Quando voltou a jogar, Krüger recorreu a uma
cinta específica colocada naquela região. Naturalmente não contava com fraturas
na perna e clavícula, que irremediavelmente abreviaram-lhe a carreira de atleta
aos 31 anos de idade em 1976, em tempo de ter atuado em companhia dos infernais
atacantes Paquito e Tião Abatiá - este com falecimento em 2016.
Do histórico de 252 partidas de Krüger pelo
Coritiba são contabilizados 58 gols. Nas entrevistas ele sempre lembrava do gol
do título estadual sobre o Atlético Paranaense em 1968, mas dava ênfase ao gol
mais bonito da carreira, na goleada do Coritiba sobre o selecionado da Argélia
por 4 a 1, em Argel, em 1970. Eis o time coritibano: Célio; Nilo, Piloto,
Oberdan e Cláudio; Lucas e Bidon; Peixinho, Leocádio, Krüger e Rinaldo, aquele
ex-ponteiro-esquerdo do Palmeiras.