segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Faltas na ‘pancada’

 Sem que haja estatística comparativa, está claro que hoje o aproveitamento de gols em cobranças de faltas é significativamente inferior em relação às décadas de 50 a 80. À época havia ‘fartura’ de boleiros que pegavam forte na bola, e com direção. O ponteiro-esquerdo Pepe, do Santos, furava redes. Por isso ficou conhecido como ‘Canhão da Vila’.

 Mesmo em faltas nas proximidades da área, a preferência recaía sobre chutes fortes. O meia Jair da Rosa Pinto, o Jajá do Palmeiras, aterrorizava goleiros adversários. Lelé, ex-Vasco e Ponte Preta, foi identificado como patada atômica. Igualmente Rivelino do Corinthians, Nelinho do Cruzeiro, e laterais-esquerdos Carlucci - Botafogo de Ribeirão Preto - e Roberto Carlos estufavam as redes com potentes chutes.

 Numa demonstração de força na perna direita para o chute, Nelinho colocou propositalmente a bola fora do Estádio do Mineirão. Oldair, volante do Atlético Mineiro, fez o meia são-paulino Gerson, na barreira, abaixar a cabeça para se proteger da bola, que foi pra rede, na vitória do Galo contra o São Paulo, no triangular final do Campeonato Brasileiro de 1971, no Estádio do Mineirão.

 Na ocasião, o saudoso Telê Santana era técnico do Atlético, e ficava furioso quando seus jogadores demonstravam medo de ficar na barreira. Na primeira passagem pelo São Paulo, em 1973, ele se irritou quando um jogador de seu time tirou a cabeça da bola num chute forte de um adversário, em cobrança de falta. Como a bola entrou, no treino do dia seguinte Telê ficou parado nas imediações da área, e mandou o jogador medroso chutar a bola com toda força na direção dele, desviando alguns chutes de cabeça. Depois, ficou de costas e mandou o mesmo jogador chutar com toda força no corpo dele. E quando o jogador acertou o alvo, Telê sorriu e disse que bolada não mata.

 O meia Didi - com passagens por Fluminense e Botafogo (RJ) - cobrava falta fora do alcance dos goleiros. Foi inventor da folha seca, que consiste em efeito na bola ao cair no gol. Zico, no Flamengo, foi quem mais se assemelhou ao chute de Didi. Neto, nos tempos de Corinthians, batia colocado ou com força.

Nenhum comentário: