segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Alfinete, ponta-de-lança adaptado à lateral-direita


 Magrelão de 68 quilos, distribuídos na estatura de 1,82m de altura, o apelido de Alfinete se justificava plenamente para Carlos Alberto Dario de Oliveira quando chegou para treinar no juvenil do XV de Jaú em 1978, aos 17 anos de idade.

 Otacílio Pires de Camargo, o Cilinho, então treinador da equipe jaueense, tinha o hábito de programar treinos coletivos contra os juvenis, quando constatou aquele desengonçado garotão de pernas compridas na meia-direita. Logo, sugeriu que o recuassem à lateral-direita, para que a velocidade dele fosse explorada na transição ao ataque.

 Assim, não demorou para que Alfinete fosse promovido ao profissional, em conformidade com o processo de renovação da equipe, ao aproveitar a garotada da base. Foi quando o paciencioso Cilinho melhorou o seu lateral na marcação, mas faltou-lhe tempo para trabalhar cruzamentos, ainda com defeito.

 Lateral Zé Maia - super Zé -, em processo de despedida do futebol no Corinthians, indicou Alfinete para substitui-lo em 1981, mas a estreia dele deu-se no ano seguinte, no empate por 1 a 1 contra a Portuguesa, naquela formação: Rafael; Zé Maria (Alfinete), Gomes, Daniel Gonzales e Wladimir; Caçapava, Paulinho e Biro Biro; Eduardo, Casagrande e Magú.

 De temperamento forte, sem vícios do fumo e álcool, Alfinete entrou em rota de colisão com lideranças da democracia corintiana - principalmente o saudoso meia Sócrates -, e isso provavelmente tenha refletido no corte da delegação que excursionou ao Japão, a mando do então diretor de futebol Adilson Monteiro Alves.

 Logo, descartado do elenco, foi aberto o caminho para a chegada do lateral-direito Édson Abobrão, da Ponte Preta, em negociação que envolveu a ida dele ao clube campineiro, onde voltou a atritar. Foi expulso de treino pelo ex-treinador Carbone e negociado com o Joinville. Ao reencontrar o futebol produtivo, foram reabertos caminhos em grandes clubes como Grêmio, Atlético Mineiro e Fluminense, onde encerrou a carreira em 1994.

 Cilinho estendeu-lhe as mãos para iniciar na função de auxiliar técnico e lhe encaminhou à carreira solo no interior de Goiás e clubes paulistas, mas Alfinete não prosperou na função. Isso gerou essa afirmação: “Encarar ponta habilidoso era bem mais fácil do que levar a vida de treinador”.   

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