Nas entrevistas coletivas em clubes, jogadores
medem palavras e o conteúdo basicamente é insignificante. Isso contrasta com
espontaneidade do passado, quando o questionado dizia exatamente aquilo que
pensava, como o mineiro de Nova Lima Gilberto Alves, conhecido nos anos 70 como
Búfalo Gil, que ‘dedurou’ o saudoso presidente da CBD (Confederação Brasileira
de Desporto), João Havelange, antes da Copa de 1978, na Argentina. “Ele disse
que estava muito feliz com a gente, mas nos revelou que queria que a Argentina
fosse campeã. Ninguém entendeu nada.”
Quando ousam citar-lhe que jogadores do
passado não teriam espaço no futebol de hoje, a resposta é áspera: “Jogadores
atuais não teriam condição nem de entrar no nosso vestiário. Eu era forte e
batia bem na bola. Duvido alguém correr 100m em 11 segundos como eu fazia”.
Búfalo Gil participou da ‘máquina tricolor’ do
Fluminense bicampeã carioca em 1975-76, conduzida pelo revolucionário
presidente Francisco Horta, que contava com jogadores como Rivellino, Paulo
César Caju, Manfrini, Toninho e Marco Antonio.
Lançamentos milimétricos de Rivellino não davam
chances para que Gil fosse alcançado pelos adversários, fazendo a diagonal a
partir da ponta-direita. O apelido Búfalo foi justificado pela rapidez e
compleição física. Assim foi goleador da equipe naquele biênio: 58 gols, o que
permitiu desforrar àqueles que o chamavam de ‘bonde’ na chegada ao clube,
quando atuava como centroavante. De 1974 e 1976, ele jogou 172 partidas e
marcou 75 gols.
Sem papas na língua, comparou o gramado das
Laranjeiras como pasto, e agrediu o companheiro Cléber após discussão. A partir
de 1977 atuou três temporadas no Botafogo. Depois seguiu para Corinthians,
Coritiba, Múrcia (ESP), Farense (POR), novamente Botafogo, Avaí, Sport,
Fortaleza e Alianza (PER). A carreira de 20 anos foi encerrada em 1986,
totalizando 569 gols.
Após início no Villa Nova (MG), Uberlândia e patinar
no Cruzeiro, o Comercial (MS) deu-lhe a chance para decolar na carreira e se
transferir ao Fluminense. Foram 40 jogos e 12 gols pela Seleção Brasileira, entre
1976 e 1978, inclusive titular na Copa do Mundo da Argentina. Foi treinador de
Botafogo e até no exterior. Na véspera do próximo Natal vai completar 68 anos
de idade.
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