No país das meras formalidades, a Sociedade
Esportiva Palmeiras publicou em seu site oficial que o clube ‘lamenta
profundamente a morte repentina de nosso volante Mococa, vítima de
atropelamento em sua cidade natal’.
Se lamentasse profundamente não o deixaria desassistido
na cidade de Mococa, em que ele morava com a mãe em pequena casa, e garantia
sobrevivência através de cachês em jogos de veteranos.
Do final trágico de vida de Gilmar Justino
Dias, o Mococa, atropelado e morto neste oito de junho, na Rodovia SP-340, restou
lembrança do auge na carreira de atleta, no Palmeiras, quando em 1979 o finado Jornal da Tarde exagerou no título de
abertura de seu caderno de Esportes: Mococa x Falcão?
Claro que era uma desproporção qualquer
comparativo do estilo clássico do volante Paulo Roberto Falcão, do Inter (RS),
com o apenas voluntarioso Mococa, do Palmeiras. Na prática o jornalismo daquele
veículo impresso produziu um texto com contorno folclórico, ao aproveitar o
factoide criado pelo saudoso treinador palmeirense à época, Telê Santana, que
tinha o hábito de trabalhar incessantemente evolução de jogador mediano. E
assim havia feito com Mococa, companheiro de Pires como volante.
Se o Inter levantou o caneco de forma invicta
naquele Campeonato Brasileiro, Mococa repetia seguidamente aos amigos de boteco
de sua cidade ‘que não tem preço ser comparado a um jogador que depois seria
conhecido como rei de Roma’.
Boteco porque era alcoólatra. Por sinal, o
hábito de degustar uma cervejinha já era repreendido por Telê, nos tempos de
Palmeiras, pela fama de boêmio. “O mestre dizia para eu maneirar e ficar
esperto, mas eu dizia que nunca passei da conta, e só com cerveja”, justificava
à época.
Naquele 1979 Mococa não era o único cervejeiro
naquele time palmeirense, que humilhou o Flamengo em pleno Estádio do Maracanã,
ao goleá-lo por 4 a 1, e formado por Gilmar; Rosemiro, Beto Fuscão, Polosi e
Pedrinho; Pires, Mococa e Jorge Mendonça; Jorginho, César e Baroninho. Por
sinal, naquele jogo Mococa foi vítima de cotovelada desferida pelo atacante
Beijoca, que acabou expulso de campo.
Mococa, que havia completado 60 anos de idade em
março passado, foi revelado na base do Palmeiras, onde jogou de 1978 a 1980.
Ele passou ainda por Santos, Bangu, Rio Branco de Americana e Radium - de sua
cidade - onde encerrou a carreira em 1987.
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