A cada convocação de jogadores à Seleção
Brasileira visando à Copa do Mundo, é praxe opiniões de que alguém teria sido
injustiçado ao não figurar na lista, como foi o caso do saudoso volante do
Flamengo Luís Carlos Nunes da Silva, o Carlinhos, falecido dia 22 de junho de
2015, aos 77 anos de idade, devido à complicações no sistema circulatório. Ele
não escondia a mágoa com o igualmente saudoso treinador Aimoré Moreira, que o
relegou à Copa do Mundo de 1962 no Chile, quando o Brasil conquistou o
bicampeonato.
À época, Carlinhos desarmava sem recorrer às
faltas, e tinha estilo elegante no domínio de bola e transição ao ataque. Logo,
era considerado superior ao concorrente Zequinha, do Palmeiras, reserva de Zito
naquela Copa. Por isso esperava pela vaga, mas a única oportunidade na Seleção ocorreu
em 1964, num amistoso contra Portugal.
Como nos tempos de atleta do Flamengo, de 1958
a 1969, Carlinhos fazia o time jogar por música, e por isso foi apelidado de
violino. Do histórico de 517 partidas pelo clube, marcou 23 gols e recebeu o
troféu Belfort Duarte, destinado a jogadores sem expulsão na carreira. Também
participou da final do Campeonato Carioca de 1966, na tumultuada partida em que
o Flamengo perdeu para o Bangu, com público de 143.978 pagantes, no Estádio do
Maracanã. Eis o Mengão da época: Franz; Murilo, Ditão, Jaime e Paulo Henrique;
Carlinhos e Nelsinho; Carlos Alberto, Almir Pernambuquinho, Silva e Osvaldo II.
Após pendurar as chuteiras como atleta,
Carlinhos não deixou de frequentar a sede da Gávea. Era viciado no baralho, com
preferência pelo buraco. Assim, bastava o Flamengo enroscar em competições para
que fosse chamado como técnico tampão. E isso se repetiu por cinco vezes a
partir de 1983, sempre tentando fazer o time jogar ao seu estilo técnico e
ofensivo.
Ele se preocupava com a preparação do time no
pré-jogo. Para valorização de posse de bola, exercitava treinos dois toques em
apenas metade do gramado. Assim aproximava os jogadores para viabilizar o
desarme, sem que praticassem faltas.
Diferentemente da treinadorzada que esgoela à
beira do gramado, a voz mansa e fina dele só era ouvida, do banco de reservas,
quando o boleiro de seu time aparecia para cobranças de laterais. Ele trabalhou
ainda no Guarani e Remo.
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