Jogador que marca gol decisivo em título da
Libertadores só é exaltado? Errado. Pelo menos o ex-ponteiro-esquerdo
Joãozinho, do Cruzeiro, correu risco de tomar uns ‘petelecos’ após conquista da
competição, na vitória por 3 a 2 sobre o River Plate da Argentina, dia 30 de
julho de 1976, em jogo extra no Estádio Nacional de Santiago (CHI).
Por mais paradoxo que pareça, o treinador do
Cruzeiro à época, o saudoso Zezé Moreira, correu atrás de seu jogador gritando
‘moleque irresponsável’, e pronto para agredi-lo, irritado que estava pela
irresponsabilidade de seu comandado ter se antecipado ao cobrador oficial de
faltas da equipe - o lateral-direito Nelinho - para a batida na bola.
Eram 42 minutos do segundo tempo, e a expectativa
ficava por conta do especialista Nelinho para que o Cruzeiro desempatasse. Aí,
inesperadamente, Joãozinho partiu pra bola e a chutou sobre a barreira e fora
do alcance do goleiro argentino. Os heróis cruzeirenses à época foram Raul;
Nelinho, Moraes, Darci Menezes e Vanderlei; Wilson Piazza (Valdo), Zé Carlos e
Eduardo Amorim; Ronaldo Drummond, Palhinha e Joãozinho.
A lembrança de Joãozinho ocorre porque foi um
excelente driblador, qualidade em falta a todos jogadores que estiveram em
campo no empate sem gols de Ceará e São Paulo, em Fortaleza, pelo Campeonato
Brasileiro.
Joãozinho conduzia a bola quase colada aos
pés, com balanço que desconcertava marcadores. Logo, era plenamente justificado
o apelido de ‘Bailarino da Toca da Raposa’. Embora destro, aprendeu a bater na
bola com a canhota, e havia confessado de não gostar de treinos físicos e ouvir
palestras. “Gosto é de jogar”, revelou à revista Placar.
Na chegada no juvenil do Cruzeiro dizia ser
meia-esquerda, mas foi adaptado na ponta. E para ficar no clube teve que se
curva à exigência de abandonar o vício do cigarro. Assim, lá ficou de 1973 a
1982, debitando-se um ano de recuperação, por causa de fratura exposta na perna
direita.
Ao voltar ao clube, em 1984, o rendimento não
era o mesmo, a exemplo da passagem anterior pelo Inter (RS), assim como posteriormente
no Palmeiras, Atlético Paranaense e Coritiba até 1987, quando encerrou a
carreira.
João Soares de Almeida Filho morou em Boston
(EUA), mas agora está radicado em Contagem (MG), onde tem negócios. Ele
completou 64 anos de idade em fevereiro passado.
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