segunda-feira, 23 de abril de 2018

Joãozinho, o bailarino nos tempos de Cruzeiro


 Jogador que marca gol decisivo em título da Libertadores só é exaltado? Errado. Pelo menos o ex-ponteiro-esquerdo Joãozinho, do Cruzeiro, correu risco de tomar uns ‘petelecos’ após conquista da competição, na vitória por 3 a 2 sobre o River Plate da Argentina, dia 30 de julho de 1976, em jogo extra no Estádio Nacional de Santiago (CHI).

 Por mais paradoxo que pareça, o treinador do Cruzeiro à época, o saudoso Zezé Moreira, correu atrás de seu jogador gritando ‘moleque irresponsável’, e pronto para agredi-lo, irritado que estava pela irresponsabilidade de seu comandado ter se antecipado ao cobrador oficial de faltas da equipe - o lateral-direito Nelinho - para a batida na bola.

 Eram 42 minutos do segundo tempo, e a expectativa ficava por conta do especialista Nelinho para que o Cruzeiro desempatasse. Aí, inesperadamente, Joãozinho partiu pra bola e a chutou sobre a barreira e fora do alcance do goleiro argentino. Os heróis cruzeirenses à época foram Raul; Nelinho, Moraes, Darci Menezes e Vanderlei; Wilson Piazza (Valdo), Zé Carlos e Eduardo Amorim; Ronaldo Drummond, Palhinha e Joãozinho.

 A lembrança de Joãozinho ocorre porque foi um excelente driblador, qualidade em falta a todos jogadores que estiveram em campo no empate sem gols de Ceará e São Paulo, em Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro.

 Joãozinho conduzia a bola quase colada aos pés, com balanço que desconcertava marcadores. Logo, era plenamente justificado o apelido de ‘Bailarino da Toca da Raposa’. Embora destro, aprendeu a bater na bola com a canhota, e havia confessado de não gostar de treinos físicos e ouvir palestras. “Gosto é de jogar”, revelou à revista Placar.

 Na chegada no juvenil do Cruzeiro dizia ser meia-esquerda, mas foi adaptado na ponta. E para ficar no clube teve que se curva à exigência de abandonar o vício do cigarro. Assim, lá ficou de 1973 a 1982, debitando-se um ano de recuperação, por causa de fratura exposta na perna direita.

 Ao voltar ao clube, em 1984, o rendimento não era o mesmo, a exemplo da passagem anterior pelo Inter (RS), assim como posteriormente no Palmeiras, Atlético Paranaense e Coritiba até 1987, quando encerrou a carreira.

 João Soares de Almeida Filho morou em Boston (EUA), mas agora está radicado em Contagem (MG), onde tem negócios. Ele completou 64 anos de idade em fevereiro passado.

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