Se hoje é praxe
ex-jogadores não comemorarem gols quando jogam contra ex-clubes, há mais de
cinquenta anos Waldir Caroso Lebrêgo, o Quarentinha, voltava ao meio de campo
andando e sem qualquer sinal de comemoração quando marcava gols com a camisa
nove do Botafogo carioca.
Aquele comportamento
irritava a barulhenta torcida botafoguense, que cobrava vibração. De uma forma ou de outra, marcar gols era coisa
corriqueira na carreira dele, transformando-se no maior artilheiro do clube com
313 gols em 442 jogos disputados.
Justificativa dele? Dizia
que não havia razão para festejos. Repetia que nada mais fazia de que cumprir a
sua obrigação, visto que era pago para aquilo.
O comportamento frio
também era repetido na Seleção Brasileira, com aproveitamento excelente: 17
gols e 17 gols, de 1959 a 1961, geralmente explorando aquele chute forte e
certeiro de canhota, de qualquer distância.
Foi a época que
narradores de futebol caracterizavam chutes fortes com ‘bomba’, ‘canhão’,
‘morteiro’, metáforas eternizadas em transmissões de rádio e TV. E quando Quarentinha
ajeitava a bola para cobranças de faltas, era normal a barreira se abrir com
receio de algum atleta ser vítima da bolada.
Conta o saudoso
jornalista Armando Nogueira - torcedor confesso do Botafogo - que Quarentinha
teve influência do pai Luís Gonzaga Lebrêgo, o Quarenta, também ex-atleta, para
ingressar na carreira no Paysandu. “O filho herdou, intactos, o chute poderoso
e o apelido”, comparou. No clube, consta o pai como terceiro maior artilheiro
com 208 gols.
A sequência da carreira
de Quarentinha foi no Vitória da Bahia, até chegar no Botafogo em 1956. Foi quando
fez parte do lendário time botafoguense cujo quinteto ofensivo era formado por
Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Naquela fase áurea do clube
ele foi artilheiro em três edições consecutivas do Campeonato Carioca, a partir
de 1958.
Antes de encerrar a
carreira no clube Almirante Barroso, de Santa Catarina, o então centroavante jogou
no Unión Magdalena, Deportivo Cali, Junior Barranquilla e América de Cali, da
Colômbia. De volta ao Brasil, teve passagem pelo Náutico.
Fosse vivo, Quarentinha estaria completando 84
anos de idade neste 15 de setembro. A história dele começou em Belém (PA) - sua
cidade natal - e terminou com a morte em 11 de fevereiro de 1996, no Rio de Janeiro, onde havia
fixado residência quando parou de jogar.
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