O cantor, compositor e flamenguista Jorge Ben
Jor estava no Estádio Mário Filho, o Maracanã, se deliciando com o seu Flamengo
em partida amistosa contra o Benfica de Portugal, em 1972, e engrossou o coro
dos rubro-negros que pediram a entrada do atacante Fio Maravilha, na reserva.
O treinador Zagallo ouviu a massa e mandou o
dentuço se aquecer. Conclusão: Fio fez jogada de Pelé e inspirou o compositor -
na época conhecido como Jorge Ben - a fazer melodia intitulada ‘Fio Maravilha’,
que alcançou as paradas de sucesso das emissoras de rádio do País.
Veja a letra: ‘Novamente ele chegou, com
inspiração. Com muito amor, com emoção, com explosão. Sacudiu a galera aos 33
minutos do segundo tempo. Depois de fazer uma jogada celestial. Tabelou,
driblou dois zagueiros. Com um toque driblou o goleiro. Só não entrou com bola
e tudo porque teve humildade. Foi um gol de ouro, verdadeiro gol de placa. Que
a galera assim cantava. Fio Maravilha, nós gostamos de você. Fio Maravilha, faz
mais um pra gente ver’.
No Flamengo desde 1966, Fio ficou lisonjeado
com a homenagem, e por mais um tempo continuou no clube. E quando a música já
não era tão executada, seguiu conselhos de um advogado e processou Jorge Ben
Jor, exigindo direitos autorais.
“Quando um oficial de Justiça chegou em minha
casa com a notificação para que comparecesse no Fórum, quase não acreditei”,
recordou o cantor, que, com sentença favorável, exigiu que o jogador pagasse
honorários de seu advogado.
Durante tramitação do processo, Fio ouviu duas
mulheres cochicharem a seu respeito. “Tá vendo este cara aí atrás”, apontou uma
delas. “É o mau caráter que processou o Jorge Ben”.
Radicado nos Estados Unidos há três décadas,
Fio confessou arrependimento e até prestigiou show do artista em San Francisco,
em 1996. “Soube que ele ficou na moita”, ironizou Jorge Ben Jor.
Aos 72 anos de idade, esse mineiro de
Conselheiro Pena trabalhou como entregador de pizza nos Estados Unidos antes da
aposentadoria. Seu irmão Germano, ponta-esquerda na década de 60, igualmente no
Flamengo, se casou com a condessa Giovanna, da Itália, quando foi jogar no
Milan, e provocou revolta da família dela, contrária a união de um negro com
uma branca. O matrimônio não prosperou, e ele veio jogar no Palmeiras. A morte
dele ocorreu em 1997.
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