segunda-feira, 15 de maio de 2017

Futebol, quanta mudança de costumes!

 Se futebol fosse comida o torcedor estaria empanturrado. Campeonato Brasileiro da Série A reserva jogos noturnos no sábado. No domingo, a bola rola de manhã, tarde e noite. Segunda, quarta e quinta-feira à noite.

 A Série B se encarrega de completar agenda da semana com terça e sexta-feira à noite. E ainda empurram na grade da televisão jogos vespertinos dos europeus em qualquer dia da semana.

 Quem te viu e quem te vê. Até meados da década de 70, eram raros jogos nas tardes de sábado e noites de quinta-feira. Prevalecia às 16h do domingo como horário sagrado para o torcedor frequentar estádios. Meio de semana, basicamente às 21h de quarta-feira.

 Naqueles tempos, locutores de voz grossa do serviço de som de estádios anunciavam além de público e renda a quantidade de menores até 14 anos que entravam gratuitamente. O moleque se juntava a um adulto qualquer, com o devido consentimento, como se filho fosse, e porteiros fingirem que acreditavam.

 Naquele período prevalecia rendas divididas após deduções de despesas, com percentual exagerado ao INSS. Isso exceto divisão desproporcional criada em curta etapa pela CBF, premiando vencedores com 60% do líquido arrecadado, e parcelamento igual em caso de empate.

 Natural a enxurrada de queixas pelo descontrole do dinheiro que entrava, manipulado pelo mandante. Descaradamente, o público divulgado era quilometricamente inferior àquele projetado no ‘olhômetro’ do torcedor. Incontinenti, ouvia-se vaia ensurdecedora dos indignados com a tapeação. Afinal, estádios lotados não poderiam ‘encolher’ inexplicavelmente.

 Não bastasse o surrupio, grandes clubes exigiram rendas exclusivas de mandantes, com convincente argumento de que arrastavam mais torcedores aos estádios. E obtiveram êxito na empreitada ainda nos tempos em que torcedores tinham hábito de cravar apostas sobre público presente e bolão de linha, que consistia na indicação do atleta que marcaria o primeiro gol do respectivo time. As opções eram do camisa sete ao onze, nada a ver com a descaracterização numérica de hoje, com maioria de duas casas decimais nas costas do atleta.


 Bons tempos em que o formato de ingresso era de papel e o torcedor guardava o canhoto como garantia de reapresentação em portarias de clubes na hipótese de adiamento de jogos por quaisquer motivos, diferentemente de cartões digitais da atualidade.

Nenhum comentário: