Morreu Mário Sérgio Pontes de
Paiva, o Vesgo, no acidente de avião que vitimou a delegação da
Chapecoense, na Colômbia. Morreu aquele que, enquanto boleiro,
olhava para um lado e tocava a bola para o outro. Aquele que,
enquanto treinador, não paparicava boleiro. No seu time tinha camisa
apenas aqueles que cumpriam regiamente as determinações.
Como comentarista de televisão,
não tinha papas na língua. Era reconhecido como um
dos comentaristas esportivos que mais ‘sacavam’ futebol nesse
país. Falava exatamente aquilo
que pensava. Em 1994, corajosamente falou que a Seleção Brasileira
entrava em campo com dez jogadores com a escalação do volante
Dunga. A justificativa era que o então atleta já não tinha vigor
físico de outrora para o desarme, porque tecnicamente tinha
limitações.
Exagero
ou não, Dunga levantou o caneco como capitão do Brasil naquela Copa
do Mundo nos Estados Unidos. Nem por isso Mário Sérgio diminuiu a
capacidade de observação sobre o ex-volante.
No
Flamengo, a partir de 1969, já driblava e lançava. No Vitória da
Bahia deixava companheiros na cara do gol e também fazia os seus
golzinhos. E isso se repetiu no Fluminense, Botafogo (RJ), São
Paulo, Inter (RS), Ponte Preta, Grêmio e Palmeiras, sempre com a
camisa 11 e desempenhando a função de falso ponteiro-esquerdo.
Três
passagens são marcantes na carreira dele. Em 1979, quando jogava no
São Paulo, ganhou apelido de ‘rei do gatilho’. Intolerante e
imprudente sacou o seu revólver e deu alguns tiros para o alto para
assustar torcedores do São José, no Vale do Paraíba, que se
manifestavam na saída da delegação são-paulina do Estádio
Martins Pereira.
No
Grêmio portoalegrense, trazido pelo treinador Valdir Espinosa, foi
campeão do mundo em 1983 na vitória por 2 a 1 sobre o Hamburgo, no
Japão. No Palmeiras foi flagrado em exame antidoping e ficou
suspenso durante seis meses. Ainda em 1983, contratado pela Ponte
Preta, jogou ao lado dos talentosos Dicá e Jorge Mendonça.
Mário
Sérgio ainda enveredou para a carreira de treinador. Estudioso e
bagagem assimilada com bons treinadores recomendavam nova carreira
brilhante, mas patinou nas passagens por Corinthians e São Paulo. O
perfil de comandante enérgico não permitiu que prosperasse na
carreira, alongada alternadamente até 2010 no Ceará.
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